domingo, janeiro 20, 2008

Bebé morre no estacionamento do Hospital de Anadia - 2ª parte


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Uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação

Os argumentos das entidades responsáveis são conhecidos e baseiam-se na lamentável permissa de não ser possível provar que estando em funcionamento as urgências agora encerradas, se poderiam ter salvo estas vidas, argumento que consideramos inqualificável dado tirar partido da irreversibilidade da perda de vidas humanas como forma de sustentar uma opção que continua a fazer vítimas.

Já nos insurgimos contra a promiscuidade entre o socorro e o tratamento hospitalar e a ideia de que é possível substituir uns pelos outros sem por em perigo as populações e causar um evidente alarme social, patente nas inúmeras manifestações populares onde o descontentamento e o medo são evidentes.

Também não conseguimos descobrir nos estudos feitos uma análise séria do próprio socorro, com temporizações baseadas em simulações ocorridas em diversos tipo de condições reais, mobilização dos vários tipos de meios de acordo com a caracterização do incidente, sistemas de redundância em caso de falha do meio primário, e tantas outras variáveis sem as quais não se pode considerar que exista um planeamento efectivo.

Devemos colocar várias situações, como a possibilidade de a ambulância do INEM estar mais distante, de a VMER de Coimbra estar a prestar socorro e não poder acorrer a esta urgência, e interrogarmo-nos sobre qual seria a resposta de um sistema que se baseia na disponibilidade de meios móveis para os quais há poucas ou nenhumas alternativas.

Nem mesmo o inquérito poderá determinar com certeza se outros meios de socorro teriam podido salvar esta vida, mas enquanto não houver estudos sérios outras se irão perder sem que, mais uma vez, se saiba se tudo foi planeado, organizado e realizado para as salvar.

A falta de planeamento que se verifica nesta área vem em linha com a inexistência de uma visão de conjunto de de um plano de desenvolvimento para o País, algo que denunciamos repetidamente e que se torna tanto mais evidente quanto o número de vítimas de uma política desastrosa vai aumentando.

Num País onde não há responsabilidade política e as más decisões passam impunes, podia, ao menos, haver um sentimento de vergonha que evitasse que opções que se baseiam em erros flagrantes possam manter-se apenas por teimosia ou incapacidade de aceitar que houve uma efectiva precipitação nas decisões e que estas devem ser reequacionadas antes que se percam mais vidas humanas.

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