quarta-feira, julho 21, 2021

Que incendiários temos? - 1ª parte

O perfil do incendiário capturado pela Polícia Judiciária, após uma longa investigação que durou anos, e será o responsável por, pelo menos 16 incêndios florestais, pode parecer pouco comum, não se enquadrando nos padrões mais habituais, mas tem alguns elementos comuns a estes, o que significa que, havendo padrões, nem todos os factores nele incluídos serão determinantes.

A maioria dos incendiários são provenientes de classes menos favorecidas e de um nível cultural inferior, sendo estas duas características que constam do perfíl mais comum, mas o facto objectivo é que, nos ambientes rurais e agrícolas de onde são provenientes, tal é comum à maioria dos residentes, pelo que convém fazer uma análise mais aprofundada.

Dizer que um indivíduo com determinadas características é mais propenso a um dado tipo de acções, neste caso a colocar fogo numa zona florestal, apenas pode ganhar relevo quando a proporção daqueles que agem desta forma é proporcionalmente superior à dos residentes na área com o mesmo tipo de características e que, no universo em causa, pode revelar-se dentro dos números que se podem esperar mantendo a proporcionalidade.

É díficil encontrar um estudo que analise, de forma detalhada, se cada característica que consta do perfíl típico do incendiário se afasta, efectivamente, dos padrões locais, parecendo-nos que, efectivamente, o afastamento é diminuto, ou seja, o facto de o incendiário típico ter menos rendimentos ou menor cultura do que a média, apenas traduz a realidade local, não sendo de destacar enquanto factor de risco.

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