terça-feira, setembro 26, 2006

Tecnologia: imposição ou necessidade?


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Imagem de incêndios via satélite

Nos últimos meses assistimos a propostas de diversos sistemas de consolidação de informação que recorrem aos mais deversos meios, com o objectivo de fornecer dados permanentemente actualizados aos comandos operacionais quando em presença de incêndios florestais.

Sem por em causa o mérito destas iniciativas e dos seus promotores, bem como a necessidade de conceber e construir uma plataforma capaz de fornecer informação actualizada e projecções ou evoluções prováveis de um dado acontecimento, o método que preside à sua génese parece algo contestável.

A utilização das novas tecnologias depende, em grande escala, da necessidade sentida no terreno por quem vai delas depender e é da confiança e colaboração das estruturas operacionais que vai depender, em última instância, a sua aceitação e utilização.

Propor uma solução, por muito elaborada que seja, sem que esta nasça do diálogo com quem no futuro a irá utilizar, é normalmente contraproducente, pois tendencialmente não corresponderá nem às exigências de quem pode dela depender para tomar decisões difíceis, nem terá a confiança dos utilizadores.

Por outro lado, sem uma progressiva formação e habituação às novas tecnologias, começando por soluções menos sofisticadas mas mais fáceis de implementar e capazes de dar alguns resultados imediatos, não se cria nem a apetência, nem a exigência que levará a soluções mais complexas.

A necessidade de mais e melhor informação tem, forçosamente, de partir das bases, da reconhecimento de que esta facilita as decisões, contribui para uma acção mais eficaz e, pela sua fiabilidade e credibilidade, aumenta a segurança dos elementos envolvidos em operações de risco.

Estes passos, que é necessário fomentar e promover com formação permanente, são condição necessária para que os novos meios sejam devidamente integrados e considerados como uma necessidade, que evoluirá para uma exigência a nível de planeamento, sem o que, partindo do topo da hierarquia, não passará de uma imposição que tende a ser mal acolhida ou rejeitada.

A parceria entre a estrutura opercional, aquela que conhece efectivamente as necessidades e é capaz de reconhecer a utilidade de novas soluções, e a investigação, de onde provêm meios e métodos inovadores, tem sido esquecida no desenvolvimento de produtos que, mesmo na sua excelência académica e conceptual, correm o risco de não passar de mais uma das inutilidades dispendiosas a que, infelizmente, nos vamos habituando.

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