Alberto Proença e Jorge Rocha, investigadores do Departamento de Informática da Universidade do Minho (UM), pretendem construir uma ferramenta para ajudar no combate dos fogos florestais, que nos primeiros que este ano consumiram quase 70.000 hectares.
O projecto da UM, que acaba de conquistar o "Shared University Research Award 2005" atribuído pela IBM, consiste na concepção e implementação a nível nacional de uma plataforma capaz de gerir os incêndios em tempo real, mas que ainda não dispõe dos apoios necessários ao seu desencolvimento.
Em termos de dados, a plataforma pretende gerir um conjunto de informações geográficas "de carácter mais estático", referentes à topografia e incluidas em cartas militares, como as características topológicas do terreno, rede viária, incluindo os vários tipos de vias, mas também a ocupação dos solos e as características do coberto vegetal, a localização e caracterização dos núcleos populacionais mais próximos, e a localização e tipologia dos recursos hídricos disponíveis.
Para além da informação estática, prevê-se o uso de sensores para recolha de dados como valores de humidade, temperatura, velocidade e direcção do vento e localização da área afectada, a que serão adicionados dados operacionais como os meios, terrestres e aéreos disponíveis.
Os dados serão depois consolidados e transmitidos aos comandos operacionais, de modo a que estes tenham uma informação completa e uma perspectiva global da situação, podendo assim tomar decisões operacionais com maior rigor baseando-se em dados permanentemente actualizados.
Se tudo correr como previsto, o protótipo poderá ser testado no próximo Verão, mas faltam ainda reunir "a vontade política" para concretizar o projecto junto dos comandos operacionais, e as "condições financeiras para a contratação de recursos humanos".
Para além da IBM, que forneceu uma rede de 8 computadores de topo de gama, necessários para este tipo de aplicação particularmente exigente, o projecto é apoiado pelo Open Geospatial Consortium, uma organização internacional que desenvolve protocolos para a troca de dados geoespaciais através de formatos normalizados.
Se não estamos em erro, este é o terceiro projecto nesta área com meios e objectivos semelhantes que conhecemos, servindo-se de imagens de satélite ou obtidas através de câmaras de modo a consolidar a informação obtida com dados estáticos, sendo que até hoje nenhum deles avançou o suficiente para crermos que chegará a uma fase de testes.
A nossa perspectiva é a de que um projecto nesta área só terá sucesso partindo das bases, autarcas e bombeiros, criando junto destas a necessidade de uma melhor gestão de informação e levando-os a um envolvimento directo na concepção e no planeamento.
Como ponto de partida, a elaboração a nível municipal de cartas de risco, onde a sobreposição de dados geográficos específicos, bem como de pontos de água, zonas sombra de transmissões, ou outras relevantes deveriam ser preparadas, usando um programa comum e os actuais mapas militares.
Desta forma, a informação estática seria recolhida, utilizando critérios uniformes, de modo a que pudesse ser facilmente partilhada e usada em termos operacionais, criando novos procedimentos e hábitos de trabalho e planeamento, após o que, com base na informação recolhida, seria mais fácil passar ao nível seguinte de integração com sistemas de recolha de dados meteorológicos.
Começando por um sistema global, tão ambicioso como dispendioso, corre-se o risco de o projecto ficar parado por falta de verbas, de vontade política e, sobretudo, de aceitação por parte de quem no terreno dirige as operações e que poderá encarar como uma imposição algo para o qual não foi sequer consultado.
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