Um Écureil AS350 B-3 em Itália
Um dos dois
Eurocopter AS 350 B-3 da
Empresa de Meios Aéreos (EMA) que combatiam um incêndio em Parada do Monte, no concelho de
Melgaço despenhou-se na altura da largada de água, tendo morrido o piloto, único ocupante da aeronave.
O helicóptero, que operava a partir de
Fafe, no distrito de
Braga, tinha colocado uma equipa de intervenção no solo e abastecera de água, preparando-se para efectuar a primeira descarga de perto de 1.000 litros de água transportada num balde suspenso quando, perto das 14:30, se deu o acidente.
O segundo
AS 350 serviço da
Autoridade Nacional de Protecção Civil ainda largou a água que transportava sobre o local da queda mas não conseguiu extinguir as chamas que consumiram os restos do helicóptero acidentado.
Lamenta-se que após o fim da "
Fase Charlie", altura em que os incêndios voltaram em força e mais uma tragédia aconteceu, se verifique um novo acidente com uma aeronave de que que resulte a morte do piloto.
Esta foi a segunda queda de uma aeronave durante operações de combate aos incêndios durante este ano, seguindo-se à
queda de um Dromader cujo piloto também faleceu.
Para um
ministro da Administração Interna (MAI) que se vangloria de que o combate aos fogos foi uma vitória do
Governo, para a qual em nada contribuiram as excepcionais condições climáticas deste Verão, deve começar a ser difícil de explicar o enorme número de fogos e, cumulativamente, os sucessivos acidentes de que agora resultou a perda de mais uma vida.
A demora em perceber que esta nova vaga de incêndios era mais grave do que se pretendia dar a entender, a recusa inicial em aumentar os meios e a atribuição de culpas em excesso às queimadas são exemplos de uma opção política no sentido de minimizar a gravidade da situação, de modo a manter uma argumentação absurda no sentido de que o exito se deve, quase em exclusivo, à actuação do
Governo e às melhorias introduzidas este ano.
No entanto, a realidade demonstra o contrário, sendo patente a enorme fragilidade do dispositivo existente quando privado de meios aéreos e dos reforços que só existem durante o Verão, bem como a vulnerabilidade do território nacional, onde o abandono das terras e a falta de ordenamento propiciam a progressão descontrolada das chamas.
A queda de mais uma aeronave e a morte do piloto, sendo um acidente, é também um alerta para o uso de meios aéreos sem a necessária preparação e coordenação, o que os torna excessivamente vulneráveis a qualquer imprevisto que, nas difíceis condições de combate aos fogos, tendem a acontecer com frequência.
Apesar de o
MAI assegurar que o piloto era experiente, argumento já usado na altura da
queda do Dromader, as 500 horas de voo e a escassa experiência de transporte de carga suspensa, com dificuldades acrescidas devido à proximidade de um incêndio, que afecta em muito as condições de voo, serão, numa primeira análise, as causas principais de um acidente que será investigado pelo
Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC) e pela
Inspecção Geral da Administração Interna (IGAI).
Se relativamente aos inquéritos da responsabilidade do
INAC, nomeadamente no
caso do Beriev, já tecemos algumas considerações, no respeitante ao
IGAI devemos dizer que, desde a saída do ex-inspector geral, Rodrigues Maximiano, receamos pela sua independência e eficácia.
Este também é um começo de actividade desastroso para a
EMA, que após todas as polémicas que envolveram a sua criação, a
demissão dos administradores nomeados na altura, os problemas com a
certificação dos Kamov Ka-32, perde agora um dos quatro
AS350 que compoem os seus meios operacionais.
Seria de esperar que, após mais este acidente, algum responsável político assumisse as falhas de um dispositivo que, após o termo da "
Fase Charlie", se apresenta como frágil, mas duvida-se que após as declarações que têm sido protagonizadas por quem tutela o sector, algo de adequado à realidade venha a ser feito, sendo o mais provável que surja uma desculpa baseada na falta de sorte ou num destino inevitável.