Muito se tem discutido o facto de alguns pilotos com um elevado número de horas de voo deverem ser ou não considerados como "experientes", para usar uma expressão cara a alguns dos políticos ou responsáveis do sector da Protecção Civil.
Para além de se poder efectuar uma análise comparativa, pode-se optar por um exemplo que estará ao alcance da maioria dos nossos leitores, relativamente ao qual aconselhamos, desde já, que não o experimentem.
Certamente um grande número, se não a maioria dos portugueses terá carta de condução de veículos automóveis e poderá considerar-se como detentor de alguma experiência prática ao volante da sua viatura.
Neste caso, consideramos como "experiente" quem tenha conduzido meio milhar de horas, o que corresponde a perto de um ano para quem conduza diariamente cerca de uma hora e vinte minutos, algo normal para quem esteja a quarenta minutos de condução do seu local de trabalho e dê uma volta ao fim de semana.
Portanto, com base neste critério, muitos serão os condutores "experientes" com um ano e até menos de carta de condução, aptos a participar no nosso pequeno teste.
Sugerimos que, em vez da viatura habitual, usem outra, por exemplo um todo o terreno com uns 2.500 quilos de peso e a este atrelem um vulgar atrelado de duas rodas com uma tonelada.
Se as dificuldades já começam a sentir-se em muitas manobras de consequencias agora algo imprevisíveis, então adicione-se a necessidade de efectuar um dado percurso desconhecido mas assinalado num mapa num tempo limitado.
Dado que ainda estamos longe das dificuldades sentidas durante uma missão efectuada por um piloto durante um voo de combate aos fogos, o trajecto será efectuado numa sinuosa estrada de montanha, em terra batida, que segue ao lado de um precipício sem qualquer protecção.
Talvez, neste momento, alguns condutores experientes já não se classifiquem com tal, mas se juntarmos a má visibilidade de um neveiro cerrado, como forma de simular o fumo, e um vento lateral forte que fará algumas pequenas pedras rolar pela encosta abaixo e embater no veiculo, então muitos já se sentirão dentro de um filme de terror.
Faltará, obviamente, um conjunto de factores para aumentar o "stress", que não iremos mencionar, mas que todos poderão imaginar, e algo que não podemos adicionar, concretamente as dificuldades acrescidas de passar de duas para três dimensões.
Talvez alguns dos políticos que falam de experiência não se importem em demasia de passar por esta pequena prova, certos de que muitos não deixariam de o aplaudir, qualquer que fosse o resultado final.
Entretanto, quantos serão tentados a concluir que todos somos experientes?
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