O sofisticado interior do cockpit do Beriev B-200
O
Governo chegou a acordo com a
Beriev para que um hidrovião
B-200 opere, em testes, durante os meses de Julho e Agosto, no combate aos fogos florestais, ultrapassando assim o
atraso neste processo.
Este Verão será realizado um teste operacional alargado, ao longo do qual serão avaliados nove parâmetros definidos pelo
Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) e que incluem a velocidade, capacidade de abastecimento em albufeiras e foz de rios ou descarga de água.
Só após esta avaliação e o
devido estudo haverá uma decisão quanto à eventual aquisição de aparelhos, que se pretende seja realizada no âmbito da negociação de uma antiga dívida da Federação Russa a Portugal.
O acordo prevê que o
Beriev B200 do último modelo esteja integrado no dispositivo nacional de meios aéreos, estando contratado um mínimo de 60 horas de voo e máximo de 100.
Segundo declarações de António Costa,
Ministro de Estado e da Administração Interna, após uma reunião com os responsáveis da
empresa, a operação custará entre 1.234 e 1.546 milhões de euros.
O avião ficará, "
em princípio", estacionado na Base de Ovar da
Força Aérea, mas actuará em todo o território, dependente das ordens do Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS) do
SNBPC.
António Costa salientou as vantagens do modelo em causa "
beneficiar já de alterações introduzidas após os dois últimos anos de testes", feitos na Sardenha, mas recusou, antecipar cenários quanto à aquisição de aeronaves ou custos previstos, caso a operacionalidade venha a ser avaliada positivamente.
Alexander Luleshov, da
Beriev, explicou que a estimativa da empresa aponta para que venha a ser descarregada pelo avião qualquer coisa como 3.000 toneladas de água, nas operações de combate.
O aparelho tem capacidade para transportar 12.000 litros, sensivelmente o dobro do
Canadair, aparelho de combate pesado que tem sido usado no país, e atinge o dobro da velocidade do modelo canadiano.
As suas dimensões e perfilde voo podem, contudo, tornar-se uma desvantagem operacional, já que dificultam a aproximação ao solo e os abastecimentos de água que, na Sardenha, foram sempre feitos em mar, razão pela qual se
estudou o uso desta no combate aos incêndios.
Num
texto anterior, analisamos algumas características deste modelo e as vantagens e limitações, pelo que sugerimos aos nossos leitores que leiam ou releiam as considerações que então fizemos e que permanecem actuais.
Na altura, também nos referimos à questão do pagamento, que se pretende entre em conta com uma antiga dívida russa que também comentamos na altura, e que após a dissolução da União Soviética surge como particulramente difícil de cobrar.
Embora todas as ajudas sejam benvindas, o
B 200 não se integra numa verdadeira estratégia de combate aos incêndios florestais, que permanece inexistente, vindo apenas reforçar opções tácticas que se afiguram como errada, facto que é demonstrado pelos resultados dos últimos anos.
Fazendo um paralelo, a chegada do
Beriev sem que este seja complementado por outras medidas, lembra uma situação militar onde, dada a incapacidade de agir atempadamente e com a precisão necessária, se aumenta desmedidamente o poder de fogo, a despeito de custos e efeitos colaterais, do que não resulta necessariamente uma melhoria dos resultados.
Assim, sem estar integrado numa estratégia clara, a chegada do
Beriev acaba por não passar de um pequeno paliativo, mais destinado a dar algum animo a quem já não confia, do que a obter resultados concretos.