terça-feira, abril 18, 2006

Crime e negligência nos fogos


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Incêndio florestal em 2005

Mais de metade dos incêndios florestais ocorridos em Portugal desde 2001 teve origem humana, criminosa ou negligente, segundo um relatório da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF).

No ano passado, o segundo mais grave desde 1980, arderam 325.226 hectares de floresta, sendo o pior ano a seguir a 2003, com 425.706 hectares destruídos.

De acordo com a DGRF, bastaram 18 dias de maior calor no Verão passado para que ardessem 168.000 hectares de floresta, enquanto em 2003, 13 dias de temperaturas altas consumiram 299.000 hectares de floresta.

Os estudos da DGRF mostram que os incêndios que são atacados nos primeiros vinte minutos costumam não durar mais do que três horas, com consequências comparativamente menos graves do que aqueles onde o combate demora mais a começar.

O mesmo estudo diz que os grandes incêndios tendem a começar entre as 12:00 e as 16:00, hora de maior calor, embora alguns deflagrem a horas tão tardias como as 20:00, sendo que, em vários dias de Verão, se continuam a verificar temperaturas elevadas a esta hora, com o agravante de um vento mais forte que surge com as alterações térmicas resultantes do ocaso.

Na verdade, tal parece-nos pouco credível este número de incidências por razões criminosas, mesmo que por negligência, pelas razões que já apontamos, com uma tendência para apontar para alguma forma de intervenção humana sempre que não se encontra outro motivo evidente.

Tal justificação tem, obviamente, razões políticas e apenas tentam disfarçar os problemas estruturais que colocam Portugal no último lugar entre os países mediterrânicos em termos de capacidade de prevenir e extinguir incêndios florestais.

Apontando para causas humanas, passa-se um atestado de irresponsabilidade criminosa ao povo português, ilibando quem, tendo essa responsabilidade, nada fez de concreto para evitar uma situação que se repete anualmente.

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