Os acidentes no IC 2 são comuns
Estas ocorrências, sobetudo quando se verificam longe das grandes cidades, onde os meios são mais escassos e a coordenação deixa muito a desejar e ocorrem em locais que os utentes da via consideram como particularmente perigoso e com defeitos de concepção a vários níveis, não podem passar em claro e ser tratados como se fossem uma inevitabilidade ou um mero azar.
No entanto, mesmo após a aparatosa queda, o único ocupante do camião estava vivo e consciente e foi socorrido por quem passava no local que, para além do apoio possível, conseguiu dominar os focos de incêndio com recurso a extintores dos seus próprios veículos.
Infelizmente, os meios de socorro não cumpriram a sua missão em tempo útil, com o desencareceramento da vítima a demorar mais de três horas, um helicóptero de evacuação que não chegou apesar dos pedidos dos elementos do INEM e, finalmente, com a vítima a morrer por falta de assistência, a qual só podia ser dada caso tivesse sido transportada atempadamente para um hospital com as valências necessárias para o seu tratamento.
Supostamente, haverá um inquérito que esclareça o que correu mal e que explique quais as razões pelas quais um suposto conflito de jurisdição impediu a corporação de bombeiros mais próxima e com o equipamento necessário de actuar ou porque motivo não foi disponibilizado um meio aéreo para evacuar o sinistrado.
Muitas são as dúvidas que subsistem, mas no meio existe a triste certeza de que a vítima deste acidente não sobreviveu, tendo falecido horas após o sinistro e sem que tivesse sido devidamente socorrida.
Este é mais um caso a juntar a tantos outros que tem que nos deve fazer pensar e, caso necessário, introduzir as necessárias alterações no sistema de coordenação e de socorro, de modo a que mortes como estas não se repitam, mas que, passado mais de um mês e meio, parece ter sido esquecido.
Não basta aos orgãos de comunicação social passarem repetidamente uma notícia, explorando-a até ao limite quando esta parece mais mediática, e esquecendo-a quando o interesse da audiência diminui, deixando apenas à família e aos amigos o ónus de tentar manter em andamento um processo de averiguações cujas conclusões ainda se desconhecem.
Neste caso, optamos pode deixar passar algumas semanas para verificar se haveria algum seguimento informativo, confirmando as suspeitas de que, tal como em tantas outras situações, nunca mais voltariamos a ouvir falar deste acidente.
O escrutínio da opinião pública, que depende em muito dos media, é essencial para que exista um controle democrático sobre os serviços e entidades públicas, sem o que, numa próxima situação idêntica, a vítima pode ser um de nós.