sexta-feira, junho 09, 2006

Uma cultura de insegurança


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Land Rover Defender dos Bombeiros

É manifesto que não há uma cultura de segurança entre os bombeiros portugueses e que, para além da falta de preparação técnica, esta deve-se em grande parte à falta de atenção dos comandos para com situações absolutamente banais.

Se alguns riscos são inevitáveis, como resultado da actividade de socorro que desenvolvem, outros devem-se a atitudes, comportamentos ou ao simples desconhecimento e podiam ser facilmente evitados através de uma mudança de mentalidades e de imposição de regras simples.

Uma das situações que se tem vindo a repetir, e de que no ano passado resultou a morte de três bombeiros, é a condução de auto-tanques com os depósitos total ou parcialmente cheios.

Se no primeiro caso, o risco é evidente, dado ser intuitivo que ao maior peso corresponde uma maior dificuldade de condução e um esfoço acrescido em termos mecânicos e da resistência dos próprios materiais, que muitas vezes não foram estudados para suportar o peso acrescido de um reservatório de água, no segundo, o perigo é menos claro e pode levar a algum desleixo.

Já mencionamos o perigo de conduzir um veículo cuja carga, para além de não estar devidamente acondicionada, se encontra armazenada de modo a elevar substancialmente o centro de gravidade, mas nunca será demais insistir nesta questão para a qual não tem havido nem os alertas nem a atenção necessária.

As técnicas de condução em situações de emergência, para além de obrigarem a uma formação e treino apurados, não se compadecem com as improvisações que se praticam continuamente neste País, onde, por exemplo, jantes antigas com dezenas de anos e graves problemas de fadiga são usadas para substituir outras, aparentemente idênticas, mas preparadas para resistir a maiores esforços.

Esta prática, particularmente comum nos Land Rover transformados em auto-tanques ligeiros, tem dado origem a acidentes, que aliada a situações de stress, de cansaço ou a um excesso de adrenalina, tem contribuido para acidentes sucessivos, agravados pela fraca resistência estrutural destes veículos em caso de capotamento.

Para além de ser absolutamente necessário colocar um arco de segurança nos Defender que desempenhem funções de auto-tanque, deveriam ser tomadas medidas de modo a que só após a instalação deste equipamento pudessem voltar a transportar água, tal o risco inerente a esta função para veículos na sua configuração de origem.

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