Um incêndio fora de controle
Uma bombeira morreu, esta sexta-feira, alegadamente por intoxicação por monóxido de carbono, quando integrava o dispositivo de combate ao incêndio que lavra em
Porto de Mós, um dos fogos que está a causar as maiores preocupações aos bombeiros e que continua activo.
A bombeira, uma das operadoras de comunicações do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de
Leiria, foi encontra na manhã desta sexta-feira inanimada no interior da cabine do veículo que coordena as operações de combate ao fogo de grandes dimensões que lavra em
Porto de Mós.
A bombeira foi encontrada por colegas em paragem, após mais de 36 horas de trabalho, e transportada de imediato para o Hospital de
Leiria onde foi confirmado o óbito.
Segundo o presidente da
Câmara de Porto de Mós, João Salgueiro, a vítima terá inalado monóxido de carbono, mas as causas da morte estão ainda por determinar, podendo ter-se devido também a doença súbita agravada pela inalação de fumo.
O incêndio, que deflagrou na quinta-feira às 15h00 na zona de
Porto de Mós, estava às 10h00 de hoje a ameaçar as aldeias de Pedreiras, onde uma freguesia foi evacuada, Moleanos, Casais de Santa Teresa e Ataíja, perto do IC2, que chegou a ser cortado ao trânsito.
Destacados no combate às chamas que lavram na localidade de Boieira, em
Porto de Mós, estavam 323 bombeiros, apoiados por 89 viaturas, um helicóptero e dois meios aéreos.
Sem querermos antecipar-nos aos inquérito, esta morte, que eleva para 8 o número de bombeiros que perderam a vida este ano, deve-nos fazer reflectir sobre duas questões de segurança que deverão ser revistas.
A primeira, é o facto de haver necessidade de descansar perto das zonas de incêndio, onde a inalação de monóxido de carbono durante o sono se pode revelar uma armadilha mortal.
Esta situação deriva em parte de problemas de logística e de gestão de efectivos, nomeadamente de reservas, par a qual alertamos sucessivamente em textos anteriores, e do que resulta quer um cansaço extremo, quer a permanência em áreas de perigo mesmo em períodos de descanso.
A segunda tem a ver com o facto de em áreas operacionais, com raras excepções em que a privacidade se impõe, nunca um elemento deverá estar isolado, sem que alguém vele pela manutenção de condições de segurança.
Esta segunda questão deriva, em grande parte da primeira, pois caso houvesse uma rectaguarda com os meios logísticos suficientes, poderia ser dado aos bombeiros a possibilidade de descansar em segurança, de tomar um banho e de ingerir refeições devidamente confecionadas.
Entretanto, continuam fogos activos em quase todo o País, com o incêndio na Boieira, no concelho de
Porto de Mós, a continuar a mobilizar o maior número de meios, que incluem 335 bombeiros, apoiados por 90 veículos e um avião, reforçados com um Grupo de Reforço de Incêndios Florestais de
Setúbal.
Um outro fogo na Contenda, no concelho do
Redondo, no distrito de
Évora, embora já dominado continua também a mobilizar um número elevado de meios, que desta vez constam de 227 bombeiros e 76 viaturas.
Na Granja, concelho de
São Pedro do Sul, no distrito de
Viseu, o fogo está circunscrito mas mobiliza ainda 203 bombeiros apoiados por 57 viaturas e por quatro Grupos de Reforço de Incêndios Florestais provenientes de
Coimbra, de
Leiria e dois de Aveiro.
No distrito de Aveiro, 42 homens com 10 viaturas combatem as chamas em Picadela, no concelho de
Espinho, enquanto outros 96 bombeiros, apoiados por 27 viaturas e dois helicópteros, foram mobilizados para o fogo em Cedrim, no concelho de
Sever do Vouga, e 45 homens, com 12 viaturas, enfrentam um fogo Vermoim, no concelho de
Oliveira de Azeméis.
No distrito de
Braga, há um incêndio por circunscrever em Lugar da Botica, no concelho de
Póvoa de Lanhoso, que está a ser combatido por 22 homens com seis viaturas.
No distrito de Bragança, um grupo de 37 homens com 11 viaturas combate um incêndio em Vale de Salgueiro, no concelho de
Mirandela.
Dois fogos no concelho de
Seia, no distrito da
Guarda, estão circunscritos mas ainda a mobilizam 42 homens e 13 viaturas no Sabugueiro e outros 28, com sete viaturas, em Corgas.
No distrito de Leiria, além do incêndio que continua activo em
Porto de Mós, os bombeiros combatem as chamas no Alto Vieiro, Barroca, no concelho de Ansião e Chimpeles, no concelho de Figueiró dos Vinhos.
No concelho de
Amarante, existem incêndios na localidade de Carvalhas, oonde o fogo está a mobilizar 48 bombeiros, 11 viaturas e dois aviões, na Portela, onde estão 32 homens e nove viaturas e no Lugar da Várzea, combatido por 114 homens, apoiados por 38 viaturas.
Na rua das Balas, no concelho de
Gondomar combatem as chamas 26 bombeiros com seis viaturas, enquanto o fogo na Estrada Nacional 108 está a mobilizar 43 homens e 12 viaturas, elevando para 5 o número de incêndios no distrito do
Porto.
No distrito de
Santarém, existem dois incêndios activos, um no Carvalhal da Aroeira, no concelho de
Torres Novas, com 54 bombeiros e 14 viaturas, e outro na Carregueira, no concelho da
Chamusca, com 73 homens, 21 viaturas e um helicóptero.
Os bombeiros combatem também as chamas que deflagraram às 17:30 de hoje ao quilómetro 37 do IC-33, na Serra de Grândola, tendo enviado para o local 47 bombeiros, apoiados por 13 viaturas e um helicóptero.
No distrito de
Viana do Castelo estão por circunscrever os fogos em Mezio, no concelho de
Arcos de Valdevez e S. Paio, no de
Melgaço.
No distrito de
Vila Real, os bombeiros combatem outros dois incêndios, em Vale Verde, no concelho de
Valpaços, com 62 bombeiros e 17 viaturas, e outro no Outeirinho, no concelho de
Ribeira de Pena, onde estão presentes 24 homens, seis viaturas e um helicóptero.
No distrito de
Viseu, pelas 19:00 de hoje estavam por circunscrever três fogos, em Fonte Coberta e Vila de Mouros, ambas no concelho de
Cinfães, e outro em Mouraz, no de
Tondela.
Esta semana, que agora termina, foi a mais complicada em termos de fogos florestais durante este ano e tem vindo a demonstrar que, independentemente do esforço ou dos meios, a falta de medidas estruturais e de prevenção determinam uma derrota muito antes da chegada do Verão.
É hábito dizer que é no Inverno que se ganha ou perde a batalha contra os incêndios florestais, mas o facto é que, aparentemente, nenhum responsável político se preocupa com esta tragédia antes de ser demasiadamente tarde e não haver outra alternativa que a de reforçar um dispositivo que nunca será suficiente.
Resta-nos lembrar que o funeral de Viviana Lourenço Dionísio, realiza-se hoje na Igreja do Bombarral, sua terra natal, seguindo pelas 15:00 para o cemitério da Roliça.