sábado, janeiro 05, 2008

Lisboa-Dakar 2008 anulado: E a solidariedade?


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Logo do Dakar 2008

A edição do Lisboa-Dakar deste ano foi anulada devido a questões de segurança, ao facto de o Governo francês ter desaconselhado os seus cidadãos a viajar para a Mauritânea, onde uma família francesa foi recentemente assassinada, e, tanto quanto se sabe, à pressão das seguradoras.

Esta edição do rali Lisboa-Dakar deveria realizar-se entre este sábado até 20 de Janeiro, atravessando diversos países africanos, entre os quais a Mauritânia, onde no dia 24 de Dezembro do ano passado, uma família de quatro turistas franceses, incluindo menores, foram assassinados.

A pressão do Governo francês e ameaças directas de organizações terroristas ligadas à Al-Qaeda levaram a organização a optar pela anulação da prova, do que resultam diversos problemas, inclusivé a nível diplomático.

Será difícil e sempre discutível avaliar se esta foi ou não a decisão correcta, mas não podemos deixar de lembrar que o Lisboa-Dakar se reveste de um conjunto de aspectos, alguns dos quais são agora esquecidos face à perda da espectacularidade da competição e da sua envolvência directa.

Existe, no entanto, uma vertente que não a desportiva que será particularmente preocupante, nomeadamente o impacto desta prova na economia dos países que atravessa e nas diversas iniciativas de solidariedade que, de forma directa ou indirecta, dependem da realização do rali.

Para países como a própria Mauritânea, que surge no meio do conflito, a passagem desta prova traduz-se em receitas turísticas da maior importância para o precário equilíbrio financeiro em que vivem e os donativos transportados por concorrentes ou veículos de apoio traduzem-se numa significativa mensagem de esperança para algumas das populações mais pobres da região.

Ao anular a prova desportiva, que serve de âncora a toda uma envolvência solidária, a organização não se limitou a comprometer o trabalho e as expectativas dos participantes, mas terá decidido no sentido que irá prejudicar seriamente um conjunto de nações, afectando as suas economias e tornando-as mais vulneráveis a movimentos extremistas, que assim vêm duplamente recompensada a sua forma de actuar.

Esta vertente, que não vimos merecer qualquer relevo ou sequer ser discutida pela comunicação social e pelos próprios adeptos ou entusiastas da prova, poderá ter graves consequências futuras, como extremar o radicalismo, aumentar os perigos de travessia no futuro e, em última instância, acabar em defenitivo com uma das provas de maior tradição automobilística.

Assim, sem podermos concluir se esta opção foi correcta, porque nos recusamos a fazer futurologia, consideramos que o verdadeiro impacto da decisão tomada ainda não foi devidamente avaliado e será, certamente, muito superior ao que agora parece resultar da anulação de uma simples edição da prova.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Bolsa para identificação


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Bolsa para identificação

Recentemente mencionamos um suporte para cartões de identificação, de baixo custo e de utilização flexível, mas que poderá não proteger adequadamente a identificação do portador.

Pensada para transportar de forma visível os cartões das empresas de segurança, obrigação legal no Reino Unido e que parece ignorada entre nós, este modelo de bolsa reforçada permite exibir uma identificação de forma segura e sem receio de ser perdida.

Esta bolsa permite ser usada presa num cinto com até 5 cm de largura, presa por uma correia em redor do pescoço ou por uma banda elástica em torno do braço, sendo que todos os acessórios são fornecidos conjuntamente na altura da aquisição.

Os preços no Ebay, incluindo portes, andam pela dúzia de euros, incluindo portes a partir de Inglaterra, sendo uma alternativa prática e flexível a muitos dos suportes comercializados entre nós por valores francamente mais elevados.

Morte por falta de atendimento no hospital de Aveiro


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Hospital de Aveiro

A morte de uma idosa por falta de atendimento atempado nas urgências do hospital de Aveiro, volta a levantar questões repetidamente abordadas, mas que carecem de uma resposta credível por parte do Ministério da Saúde.

Neste caso concreto, o óbito verificou-se perto de 4 horas após a entrada da vítima nas urgências, tendo-lhe sido colocada, segundo o protocolo de Manchester, uma bracelete amarela, correspondendo a um estado de gravidade intermédia e um tempo de espera máximo de uma hora.

Lamentavelmente, o afluxo de pacientes foi anormalmente alto, o período expectável de atendimento largamente excedido e a idosa faleceu sem assistência médica, tendo o pessoal hospitalar sido alertado por outros doentes em maca que esta deixara de se mexer.

Se por um lado já ouvimos as condolências e um certo assumir de responsabilidades por parte da directora do hospital, também escutamos uma óbvia desresponsabilização de um ministro que sabe terem sido desactivadas unidades de saúde em áreas circundantes, resultando no aumento de utentes nas que ainda subsistem.

Também a Ordem dos Médicos (OM) já condenou esta política de encerramento de unidades ou de valências, que sobrecarrega as que se mantêm e que não receberam reforços em pessoal e meios de modo a responder atempadamente ao aumento se solicitações, com os resultados que agora começam a ser públicos.

Tal como seria de esperar, a OM iliba os médicos e o hospital de Aveiro e concentra as críticas e a responsabilidade no próprio Primeiro-Ministro e não no titular da Saúde com quem o diálogo com a Ordem parece ser impossível.

Substituir unidades de saúde por equipamentos de socorro que transportem tão rapidamente quanto possível as vítimas para as urgências mais próximas, tal como preconiza a política do Ministério da Saúde, terá em várias situações, inevitavelmente, o desfecho trágico que ocorreu em Aveiro, pelo que insistimos no fim desta confusão promíscua entre socorro, atendimento hospitalar e solidariedade social que alguns tentam, sem sucesso, amalgamar.

Nunca foi revelado um estudo onde sejam divulgados os dados que presidiram a esta suposta reestruturação, incluindo nele desde as distâncias a percorrer, os trajectos possíveis e os tempos de percurso, a redundância dos meios, a capacidade das unidades para onde os pacientes são encaminhados, os limites de ruptura das mesmas e todo um conjunto de factores que permitiriam sustentar uma decisão política que surge como desastrosa e dar alguma traquilidade às populações.

Infelizmente, em Portugal parece haver uma significativa dificuldade para planear, prever, simular e, com base em conclusões sólidas, tomar opções políticas correctas e sustentadas em estudos credíveis e públicos, pelo que as de decisões se baseiam em pouco mais do que intuições e nas ilusões de quem pensa que, apenas porque detém a responsabilidade de um alto cargo do Estado, tem a capacidade inata de decidir sem uma base de trabalho que traduza a realidade.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Land Rover Defender em cartolina


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Land Rover Defender da polícia em cartolina

Já apresentamos, há alguns meses, um Land Rover Série em cartão, também proveniente da Europa de Leste, pelo que a versão do Defender 90 da polícia inglesa não é algo de absolutamente inédito.

Tal como mencionamos anteriormente, os modelos em papel são tradicionais em alguns países europeus e permitem a duplicação de modelos com alguma facilidade, sendo uma recordação curiosa que permite aos mais novos algum tempo de diversão.

Estes modelos são baratos, na ordem a meia dúzia de euros incluindo portes e permitem obter resultados surpreendentes, fazendo duvidar que sejam inteiramente em cartolina.

Seja como uma prenda de Natal atrasada ou como retribuição por outra, esta é uma sugestão de uma recordação destinada sobretudo aos adeptos dos Land Rover.

A interioridade no discurso de Ano Novo da Presidência


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O Presidente da República Aníbal Cavaco Silva

Embora o comentário político não seja objectivo deste espaço, o discurso de Ano Novo do Presidente da República, por abordar um conjunto de assuntos que aqui têm sido referidos, nomeadamente no respeitante a um conjunto de medidas que tendem a desertificar o Interior e torná-lo mais vulnerável a uma série de factores de origem natural, mas também derivados da acção humana, justifica que seja aqui abordado.

Não vamos comentar todos os temas abordados pelo Chefe de Estado, mas tão somente os que refletem as preocupações específicas da temática que abordamos, pelo que nos centramos na questão do desenvolvimento regional e do aumento de assimetrias resultantes das políticas dos últimos anos.

A alusão aos centros de saúde e às urgências que têm sido sucessivamente encerrados, contribuindo para uma desertificação do Interior, enquanto é oferecido um simbólico desconto de uns pontos percentuais no IRS ou no IRC, de que apenas um reduzido número de portugueses benefecia, tais os baixos rendimentos auferidos pela maioria da população, é essencial para clarificar a posição da Presidência perante uma opção política que apenas desertifica o Interior.

É fácil de compreeder que ninguém de bom senso, sobretudo quem tem família e menores a cargo, aceita ir para uma zona do País onde os cuidados médicos e o socorro não funcionam, a troco de um hipotético aumento de dois a três por cento no seu rendimento líquido.

Mais grave ainda, para os mais desfavorecidos, que não pagam IRS, não existe qualquer contrapartida fiscal, com o agravante de o afastamento dos centros de saúde, para além das graves consequências sociais, serem penalizadoras de um rendimento já de sí diminuto.

Com base nesta conclusão, facilmente se percebe que a suposta vantagem fiscal será ignorada, continuando o Interior a ficar cada vez mais abandonado, pondo em causa princípios básicos de subsidariedade e de solidariedade que, infelizmente, podem por em causa a unidade nacional.

Lamentavelmente, temos um Estado que usa os impostos para se auto-sustentar, enquanto todos os serviços passam a ser pagos através das mais diversas taxas, como se de opcionais se tratassem, nestes incluindo alguns dos mais básicos direitos, como o acesso a cuidados médicos, à justiça ou à educação.

Esta falta de visão estratégica integrada, que se traduz num navegar à vista, com medidas ou decisões meramente reactivas em quase todos os aspectos da vida nacional que não se prendem com o equilíbrio das contas públicas, está a comprometer seriamente o desenvolvimento do País e a por em causa as gerações futuras, em breve confinadas a uma pequena faixa no Litoral onde cada vez mais se concentram todos os cada vez mais escassos serviços fornecidos pelo Estado.

As políticas sectoriais, algumas das quais válidas, perdem-se na falta de coordenação e de comunicação, que condena ao fracasso as iniciativas que pretendem aumentar a competitividade das zonas mais desfavorecidas, as quais perdem sentido e, muitas vezes, apenas aumentam a despesa pública sem que daí resultem contrapartidas para as populações.

O alerta para as consequências de uma política que está a transformar Portugal numa cada vez mais estreita faixa à beira-mar há muito que era uma imposição, esperando-se agora que haja consequências e sejam estudadas alternativas resultantes de uma visão integrada do País e de um planeamento que tenha em conta as várias variáveis e necessidades sectoriais, fazendo a necessária síntese e implementando no terreno opções realistas e eficazes.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Leitor de cartões SIM com ligação USB


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Leitor de cartões SIM com ligação USB

A perda de contactos ou outras informações gravadas nos cartões de telemóveis é um problema com que se deparam muitos utilizadores, razão pela qual vários operadores prestam um serviço de "backup" que consideramos algo dispendioso.

Com um pequeno adaptador que se liga a uma porta USB de um computador pessoal com Microsoft Windows 98, ME, 2000 ou XP é possível ler os cartões Micro SD (T-FLASH) e SIM (GSM/CDMA), salvaguardando os dados aí armazenados, que podem ir desde agendas até SMS, passando por registo de chamadas.

Este leitor tem apenas 6.5 x 1.0 x 2.0 cm, suporta "interfaces" USB 2.0/1.1 e dispensa uma fonte externa de energia, pelo que é uma solução prática e relativamente universal dentro do universo Windows.

Salientamos que este sistema não salvaguarda informações contidas no próprio telemóvel, mas tão somente as que estão gravadas no cartão SIM, pelo que para o restante conteúdo terá que ser usada outra alternativa.

Por pouco mais de meia dúzia de euros, esta é uma alternativa a um serviço pelo qual é cobrado um preço abusivo e permite uma maior tranquilidade a todos quantos confiam no telemóvel para armazenar informação.

"Blog" Bombeiros para sempre


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"Blog" Bombeiros para sempre

Temos sempre todo o gosto em noticiar a existência de espaços de reflexão e discussão onde temas como o socorro são debatidos, pelo que é inevitável mencionar aqui o "blog" Bombeiros para sempre.

Neste "blog" discutem-se questões relacionadas com as várias vertentes da actividade dos bombeiros, desde incêndios florestais até missões de socorro, analisando-se os vários problemas com que os soldados da paz se debatem no seu dia a dia.

Esta é uma visita que se justifica de forma repetida, dado que estamos diante de um "blog" que é actualizado com muita frequência, algo cada vez mais raro, e onde se podem encontrar assuntos da maior actualidade.

Finalmente, desejamos uma vida longa ao "blog" Bombeiros para sempre e felicidades a quem o escreve, esperando que contribua durante muitos anos para o debate e o esclarecimento da problemática do socorro em Portugal.

Brevemente, iremos actualizar a lista de ligações que temos no nosso "blog" do Verão Verde, de modo a incluir novos "links" e a remover alguns que se referem a espaços que há muito deixaram de ser actualizados.

terça-feira, janeiro 01, 2008

Feliz Ano Novo


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Um Feliz Ano de 2008 para todos!

No início deste novo ano, desejamos a todos os nossos amigos e leitores um Feliz 2008 em que os vossos desejos se tornem realidade.

Esta é, sobretudo, uma altura de celebração, pelo que não vamos perder-nos em análises do ano que agora terminou nem entrar em previsões para o futuro, optando por deixar, sobretudo, uma mensagem de esperança e de confiança no futuro.

A todos, desejamos um Feliz 2008 com muita alegria e paz.

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Tata apresenta automóvel por 1.900 dólares


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O protótipo do Tata Nano

Será certamente batido um "record" mundial quando o fabricante indiano Tata apresentar o seu modelo "Nano", cujo preço está estimado em 1.900 dólares, acrescendo, naturalmente, impostos e outras despesas.

A Tata, que já por diversas vezes surgiu como uma eventual compradora da Land Rover, pretende apresentar o protótipo deste novo modelo na feira do automóvel de Nova Deli, a decorrer entre 10 e 17 de Janeiro de 2008.

O novo modelo tem quatro portas, um motor a gasolina de 660 centímetros cúbicos a debitar 30 cavalos ou um diesel de 700 cc, prevendo a Tata fabricar 250.000 veículos nos primeiros anos, mas com possibilidade de atingir uma produção anual da ordem do milhão de unidades.

O Indigo não será, pelo menos nesta fase, exportado para a União Europeia, dado não respeitar as exigências ambientais, pelo que os seus mercados serão essencialmente a América Latina, a África, a Europa de Leste e alguns países asiáticos.

Eventualmente, com algumas pequenas alterações de motor e a implementação de catalisadores, o "Nano" poderá vir a respeitar as normas comunitárias, mas duvida-se que os fabricantes europeus permitam que um modelo que pode ser comercializado por poucos milhares de euros venha a ocupar o lugar das suas dispendiosas viaturas, necessárias para a sustentação das empresas que os produzem e de que dependem em muito os países onde estas operam.

Apesar de estarmos longe de ver o Tata, não quisemos deixar de mencionar um modelo que, segundo a cotação do dólar, custa na origem menos de 1.500 euros, pelo que, mesmo adicionando o Imposto Único de Circulação, IVA e transporte, continuamos perante um preço final que andará pelos 3.000 euros o que, para um citadino, será sempre uma opção a ter em conta.

Já foram encerrados 33 SAP - 2ª parte


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Gouveia: outra das vítimas desta política

Para além da Ordem dos Médicos, que sempre se opôs a esta política de encerramentos, também populações e autarquias concordam que não existe nenhum objectivo técnico a presidir a uma reorganização que se rege por critérios meramente economicistas, prejudicando seriamente as populações e o desenvolvimento regional.

O Ministério da Saúde e as administrações regionais, que dele dependem, têm vindo a justificar os encerramentos com falta de utentes ou defeciências nos serviços, chegando a afirmar que colocam em risco a saúde dos utentes, enquanto garantem a existência de alternativas e de novos meios de socorro, nomeadamente em termos de ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV).

Já nos insurgimos diversas vezes contra esta forma de promiscuidade que mistura vários tipos de cuidados médicos, de socorro, de emergência pré-hospitalar e de assistência social, que são complementares e não podem nem devem ser prestados pelas mesmas entidades.

Pensar que uma ambulância, por muito bem equipada que esteja, pode substituir o apoio médico local, que para além de uma função clínica desempenha um importante papel social, ou supor que uma evacuação mais rápida, que acaba por depender de um conjunto de factores imponderáveis, é uma alternativa para uma urgência próxima, é algo que não faz sentido do ponto de vista técnico nem tranquiliza as populações.

Lamentavelmente, já há autarcas a imaginar soluções baseadas na iniciativa privada, que cada vez mais substitui o Estado em funções essenciais, com custos substanciais para as populações, mas facilitando o equilibrio das contas públicas, as quais incluem cada vez menos serviços prestados aos cidadãos.

Esta é, no entanto, uma falsa esperança, dado que os grupos privados de saúde a actuar em Portugal, com excepção das Misericórdias, não pretendem instalar-se nos locais onde o Estado garante não haver o número suficiente de habitantes que viabilizem os serviços, pelo que a ilusão de termos uma alternativa real aos serviços públicos apenas existe na ideia dos mais incautos.

Temos, portanto, uma situação em que não existem alternativas reais, do que resultam graves riscos para as populações, sendo que caso existissem estatísticas sérias e credíveis em breve poderiamos tirar conclusões de uma opção manifestamente errada, que compromete princípios básicos de subsidariedade, de solidariedade e de coesão nacional.

domingo, dezembro 30, 2007

Estatísticas de mortes na estrada no "Expresso"


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Um acidente de viação em Portugal

Apesar de não ser uma novidade para nós, é importante que um semanário de referência como é o caso do "Expresso" publique um artigo que replica muito do que escrevemos, onde a falta de rigor das estatísticas das mortes em acidentes de viação é abordada.

É do conhecimento público que apenas são contabilizados como mortes os óbitos que ocorrem antes da entrada no hospital ou serviço de saúde de destino, pelo que uma substancial percentagem dos feridos graves, que vem a falecer em consequência dos acidentes de viação, não são incluidas nas estatísticas.

Com a melhoria dos meios de socorro, das estradas e do suporte imediato de vida, a possibilidade de sobrevivência até à chegada a uma unidade hospitalar aumenta, sem que tal se traduz num significativo aumento da percentagem de vítimas que vêm a recuperar.

Os próprios números da Direcção-Geral de Saúde e da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) são díspares, com uma diferença substancial a favor da primeira, diferindo ainda das estatísticas enviadas para Bruxelas.

A ANSR defende o rigor dos seus números dizendo que os números de mortes na estrada são incrementados através de uma estimativa que considera que 14% dos feridos graves morrem nos hospitais, valor que é abaixo do acompanhamento efectuado pela Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa, única entidade que efectua um controle das vítimas de acidentes ocorridos na sua área de actuação.

Mesmo considerando que o perfil do ferido grave num acidente urbano, que muitas vezes é um atropelamento, é diferente do que acontece numa via fora de uma povoação, que normalmente envolve apenas vítimas que se encontravam em viaturas, a projecção da ANSR peca por defeito quando comparada com os mais de 50% da PSP de Lisboa.

Também não nos espantou que o Governo, através do Secretário de Estado da Protecção Civil, opte por manter o actual erro, alegando a necessidade de manter critérios que facilitem a comparação com anos anteriores.

Tal justificação, de tão absurda, nem merece comentários sendo de lembrar que os critérios de avaliação do desemprego foram alterados de modo a apresentar números mais favoráveis, não tendo, na altura, o Governo demonstrado preocupações com eventuais problemas ou dificuldades na comparação.

No entanto, igualmente grave, é a falta de vontade política para assumir a realidade, optando os sucessivos governos por manter uma ilusão que talvez beneficie a imagem do País no exterior, mas que, na verdade, já não engana nem mesmo os mais incautos.

Tal como em muitas outras áreas, onde não existem estatísticas de fontes independentes, os números dos acidentes de viação não inspiram qualquer confiança, pecando por defeito e não traduzem em nada a realidade nacional, sendo manifestamente manipulados de modo a esconder a tragédia que se vive nas estradas portuguesas.