segunda-feira, dezembro 17, 2007

Estatísticas de mortos em acidentes: 1.000 ou 2.500


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Acidente de viação em Portugal

Num recente artigo publicado no semanário "Expresso" era mencionada uma realidade que há muito denunciamos, nomeadamente o facto de as estatísticas de vítimas de acidentes rodoviários em Portugal ocultarem o verdadeiro número de vítimas mortais.

Com excepção da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa, não há acompanhamento da evolução do estado das vítimas, sendo que apenas as que perdem a vida na altura do acidente serão contabilizados como mortes.

Segundo os dados da PSP, serão mais de metade os feridos graves que acabam por falecer no primeiro mês de internamento hospitalar, pelo que, não havendo dados dos vários distritos, será sempre possível fazer uma extrapolação e considerar que 50% daqueles que sofreram ferimentos graves tenham vindo a perder a vida.


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Acidente de viação no Marão

A título de exemplo, no primeiro ano de vigência do novo Código da Estrada, entre Abril de 2005 a Março de 2006, os dados da Direcção Geral de Viação contabilizam 36.642 acidentes com vítimas, de que resultaram 1.003 mortos, 3.725 feridos graves e 44.760 feridos ligeiros.

No entanto, ninguém sabe quantos dos feridos graves faleceram em consequência do acidente, pelo que podemos estimar os números extrapolando os dados obtidos pela PSP de Lisboa e projetando-o para o total nacional.

Assim, no período supra citado, teriams não 1.003 mortos, mas 2640, considerando que metade dos feridos graves, que passam de 3.275 para 1638, terão sido, efectivamente, vítimas mortais.

Usando este critério, que sabemos ser menos rigoroso do que o ideal, mas que, sem dúvida traduz melhor a realidade nacional, as estatísticas relativamente ao número de mortes decorrentes de acidentes de viação iriam colocar-nos num lugar muito abaixo da nossa classificação actual, traduzindo uma realidade que muitos pretendem ocultar.

Talvez se houvesse uma maior transparência e fossem revelados dados perto da realidade, a sensibilização dos condutores fosse mais fácil do que quando se tenta transmitir a ideia absolutamente ilusória de que os números, por graves que sejam, estão muito abaixo dos quase 2.500 mortos que resultam de uma projecção.

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