A adjudicação do transporte de doentes do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO) a uma empresa privada com sede na Amadora, na sequência de um concurso de prestação de serviços, poderá levar as federações de bombeiros de Vila Real e de Bragança a impugnar o processo.
Em consequência do resultado do concurso, o transporte de doentes para consultas e tratamento no IPO do Porto deixou, desde o princípio da semana, de ser efectuado pelos bombeiros e passou para a empresa privada que apresentou o melhor preço.
No concurso da responsabilidade do IPO, era, efectivamente, o preço o factor essencial na adjudicação, tendo concorrido em pé de igualdade as corporações de bombeiros e as empresas privadas detentoras do alvará que dá acesso a esta actividade.
As corporações de bombeiros apresentaram o preço constante do protocolo que mantêm com o Ministério da Saúde, no valor de 40 cêntimos por quilómetro, que se revelou excessivo face à proposta de 33 cêntimos apresentada pela Luso Ambulâncias.
Se tivermos em conta que, só no ano passado, a despesa de transportes suportada pelo IPO atingiu perto de 2.000.000 de euros, a importância do preço é fácil de entender, mas fica a falta uma ponderação quanto às condições reais em que os pacientes, muitos deles com sérios problemas de saúde e submetidos a tratamentos dolorosos, são transportados.
No caderno de encargos não era estipulada uma dimensão mínima da frota que terá que transportar mensalmente cerca de 1.500 pacientes, nem qualquer imposição em termos de condições logísticas ou de bases operacionais, pontos em que a empresa vencedora se encontra em franca desvantagem face aos bombeiros.
Aliás, a empresa vencedora já recorreu a situações de sub-contratação, algo que tende a baixar a qualidade do serviço em função de uma maior economia e que, naturalmente, terá influência no tratamento dos doentes transportados.
As federações de bombeiros estão, neste momento, a rever os procedimentos do concurso e a coligir dados de modo a verificar se a empresa vencedora tem as condições exigíveis para assumir este contrato, admitindo impugnar o concurso por via judicial caso se verifique alguma falha.
A questão dos concursos, nomeadamente em termos das exigências colocadas nos cadernos de encargos e na sua conformidade com as disposições técnicas e legais, tem sido objecto de diversas considerações, mas, neste caso, convém destacar a excessiva predominância dada ao preço e a falta de exigência no respeitante ao conforto de quem recorre a este serviço.
Este último aspecto é da maior gravidade, sobretudo se nos lembrarmos de que os utentes do IPO são, em grande número portadores de doenças de uma gravidade extrema, que vivem uma enorme ansiedade e, muitas vezes, um prolongado sofrimento, que bem devia fazer os responsáveis meditar nas condições do seu transporte, no qual podem ser gastas várias horas semanais.
Não colocamos em questão nem a abertura desta actividade a privados, desde que licenciados para o efeito, nem a necessidade de uma boa gestão dos dinheiros públicos, mas estes factores devem ser ponderados com prudência e sempre no respeito pelos direitos dos doentes, dando uma especial atenção aqueles que, pelo seu estado, poderão ter poucas possibilidades de melhoras.
sábado, outubro 06, 2007
Novo Windows Live Mail Beta - 2ª parte
Contactos no Windows Live Mail Beta
A lista de endereços surge como mais interactiva e suporta directamente as várias formas de comunicação permitidas pelo Live Mail, podendo-se iniciar vários tipos de conversação ou o envio de correio a partir do mesmo local.
Outra possibilidade do Windows Live Mail Beta é a de publicar mensagens em "blogs", ou, recorrendo ao Live Writer, a prepará-las, com diversas funções de formatação e caracetrísticas que permitem um trabalho "off-line", útil para quem apenas se liga à Internet na altura da publicação dos textos, ou a integração do sistema de pesquisa do Live no Explorer de modo a torná-lo mais rápido e flexível.
Este novo cliente de correio electrónico também possui funcionalidades de acesso a "newsgroups" e de leitura de "feeds" RSS, para além de um conjunto de configurações que se assemelham às do Windows Live Messenger onde foi buscar a inspiração para o "interface" gráfico e com o qual se integra perfeitamente.
sexta-feira, outubro 05, 2007
Sputnik 1 foi lançado há 50 anos
O Sputnik: o primeiro satélite em órbita
O Sputnik 1 era um equipamento simples, uma esfera com 80 cm de diametro e quatro antenas, equipado com um sistema de radiotransmissão, e colocado em órbita através de um foguetão R-7, mas marcou uma revolução em diversas áreas e abriu caminho para o Mundo tal como o conhecemos hoje.
Após este lançamento, seguiram-se outros de equipamentos da mesma série, incluindo modelos de maiores dimensões e com capacidade de transporte acrescida, tendo seguido a bordo os primeiros seres vivos a ser enviados para o Espaço
Foi também o lançamento do Sputnik 1 que deu um ascendente à União Soviética na corrida para o Espaço e deu origem aos progressos que na década seguinte levaram a colocar um homem na Lua, mas também constituiu uma ameaça, abrindo uma nova frente na Guerra Fria e lançando a perspectiva de uma militarização do Espaço.
Meio século após a aventura do Sputnik 1, os satélites fazem parte da nossa vida e suportam os mais diversos sistemas de comunicações, de geolocalização, de informações e tantos outros que dificilmente se poderia imaginar o Mundo sem o conjunto de funcionalidades que se baseiam em sistemas cada vez mais sofisticados que orbitam permanentemente sobre a Terra.
Para quem se interessa por equipamentos de GPS, de comunicações ou de cartografia, entre outros, esta é uma data que não pode deixar de ser lembrada, homenageando todos os que contribuiram para esta revolução que atravessou os últimos cinquenta anos da História da humanidade.
quinta-feira, outubro 04, 2007
Área ardida foi apenas 7.8% da média dos últimos cinco anos
Um fogo durante a noite no Verão de 2005
Este valor corresponde a perto de 7.8% da média dos cinco últimos anos, que se cifra nos 213.885 hectares, e torna-se quase insignificante face ao pior ano, o de 2003, quando as chamas devastaram 425.232 hectares durante o mesmo período.
Segundo os números da DGRF, arderam 13 vezes menos hectares do que na média dos últimos cinco anos, o que é um valor excepcional, mesmo considerando que em 2003 e 2005 a área ardida foi muito superior ao normal e tal influencia as estatísticas.
Estes dados vêm confimar algo que já se sabia, seja através dos valores parciais entretando divulgados, seja pela própria percepção que todos temos de um ano em que os incêndios florestais não tiveram o impacto de anos anteriores.
Será, portanto, da maior importância estudar a relação entre os dados climatéricos, as descontinuidades resultantes das extensas áreas ardidas e não reflorestadas, bem como de operações de ordenamento, o desempenho do dispositivo de combate, o comportamento das populações e todos os restantes factores que determinaram estes números.
Com base nestes dados, em conjugação com os de anos anteriores e aqules que possam ser obtidos noutros países da orla mediterrânica, será possível a elaboração de modelos que permitam, alterando uma das variáveis, conhecer qual o impacto desta na área ardida e no número de ocorrências, de modo a obter simulações e previsões realistas que ajudem a prever a evolução em anos futuros.
Acima de tudo, num ano em que os números foram favoráveis, mas no qual se perdeu uma oportunidade excepcional para encetar trabalhos de prevenção com recursos aos meios disponíveis, é essencial não dar como adquirido o sucesso no combate aos incêndios florestais e lembrar que a combinação favorável que se verificou em 2007 pode não se repetir no futuro.
Novo Windows Live Mail Beta - 1ª parte
Écran do Windows Live Mail Beta
Este novo "software" pode ser instalado por quem tenha um Live Messenger em versão Beta, como a versão 8.5 que mencionamos num texto anterior, sendo dada a opção de instalar um conjunto de programas que funcionarão de forma coordenada.
Entre os vários programas cuja instalação é proposta encontram-se o Live Writer, uma "toolbar", uma extensão de segurança destinada sobretudo aos mais novos ou um sistema de indexação e armazenamento de imagens, todos eles integrados no Live, que corresponde ao actual conceito de interacção da Microsoft.
O Windows Live Mail Beta acaba por ser um misto de um Outlook Express melhorado com extensões do Live Messenger e uma ligação aos diversos programas opcionais que podem ser instalados pelos utilizadores do Microsoft Live e que, nitidamente, querem concorrer com a elevada integração de produtos disponibilizados pelos rivais, como acontece no caso do Google.
Uma das vantagens é a de separar o correio das várias contas por pastas diferentes, evitando a sua mistura, o que facilita o seu tratamento diferenciado e reduz a possibilidade de confusões.
Também o facto de incluir um sistema de aviso, semelhante ao do Messenger quando acusa a recepção de uma mensagem nova, é uma novidade interessante que dispensa a instalação de "software" adicional.
quarta-feira, outubro 03, 2007
Jogo alerta para os perigos do "phishing"
Écran da versão original do programa
Este tipo de ataques tem vindo a crescer, sobretudo visando alvos que, de outra forma, serão dificilmente permeáveis, como instituições financeiras e baseiam-se não em recursos técnicos sofisticados, mas na manipulação da vítima do ataque que é enganada no sentir de fornecer informações pessoais ou financeiras.
Mensagens típicas de "phishing" são aquelas que aparentam ser de um banco a alertar o cliente para a necessidade de reintroduzir ou confirmar dados que, em circunstâncias normais, ninguém pediria por serem considerados confidenciais.
Na versão original, protagonista é um peixe chamado "Phil", que se enquadra bem na expresão "phishing", mas a versão portuguesa, disponibilizada pela Portugal Telecom, optou por encontrar um novo personagem designado por "Zé".
Este jogo tem quatro níveis, sendo proposto ao utilizador detectar quais dos vários "sites" são genuinos e quais aqueles que são falsos, enquanto vai fornecendo algumas pistas e dicas acerca do "phishing".
Em poucos minutos, quem participar neste desafio aprenderá vários dos truques utilizados pelos criminosos que recorrem a esta técnica e poderá defender-se mais facilmente deste tipo de ataque que deve ser reportado às autoridades competentes, que em Portugal é a Polícia Judiciária.
Lembramos que nenhuma instituição séria pede "passwords", códigos de acesso, dados pessoais e que deve ser dada uma especial atenção às ligações que vêm nas mensagens, devendo-se sempre verificar se o endereço a que se acede corresponde ao que aparece escrito no texto.
Em caso de dúvida, é essencial confirmar com a entidade de que, pelo menos aparentemente, provém a mensagem, nunca aceder a "sites" sem estar certo de que são reais e jamais fornecer informações que não sejam pedidas em situações normais.
Chuva intensa provoca cheias no Algarve
Fotografia aérea da costa algarvia durante uma inundação
Durante a tarde verificaram-se inundações em casas em Olhão, perto da Estrada Nacional 125, onde o trânsito teve que ser cortado durante cerca de 15 minutos.
Segundo o Comando Distrital de Operação de Socorros (CDOS) de Faro, as situações mais complicadas verificaram-se em Olhão, Castro Marim e Vila Real de Santo António, nomeadamente nas zonas baixas e em casas edificadas ao nível do solo.
A conjugação das chuvas intensas com a praia-mar provocaram cheias em Cabanas de Tavira, Montegordo, Olhão e Manta Rota durante a manhã, sendo que da parte da tarde a situação foi melhorando.
Também noutras zonas do País, como na zona de Alcântara, em Lisboa, e em muitas zonas do Ribatejo, se verificaram as tradicionais inundações que este ano chegaram antes do habitual, mas que confirmam as deficiências de ordenamento do território e o facto de continuar a obter licenças de construção para leitos de cheia.
O IM prevê uma melhoria do estado do tempo a partir desta noite, com o alerta lançado pelo CDOS a terminar às 00:00 de hoje, mas será de manter o alerta para as próximas horas.
terça-feira, outubro 02, 2007
Microsoft vai continuar a vender o Windows XP até Junho
Caixa do Windows XP Pro com SP2
Este anúncio, que aumenta em quase meio ano a comercialização do Windows XP, é uma resposta aos fabricantes de computadores e a empresas que desenvolvem "software", que pretendem manter este sistema operativo enquanto algumas incompatibilidades do sucessor, o Vista são resolvidas.
Por outro lado, o novo Windows Vista é mais exigente em termos de recursos dos equipamentos, pelo que muitos consumidores não pretendem efectuar a migração que obrigaria a mudar ou melhorar os seus computadores pessoais.
O prolongamento da vida do Windows XP já era expectável a partir do momento em que a Microsoft anunciou que iria lançar o "Service Pack 3", um conjunto de correcções, destinado a este sistema operativo, indiciando que este continuaria a ter um suporte adequado a um sistema operativo em comercialização.
Até ao fim de Julho, a Microsoft vendeu mais de 60.000.000 de licenças do Windows Vista, enquando o XP tem vindo a cair para pouco mais de 20% do valor de facturação, mas o facto de os computadores novos serem, na sua maioria, vendidos com o novo sistema operativo instalado acaba por reduzir o significado dos números.
Objectivamente, em muitos ambientes empresariais em que a migração implica modificações em aplicações específica, formação de numerosos utilizadores ou o aumento de capacidade dos equipamentos, só para citar algumas das dificuldades mais comuns, a migração do Windows XP para o Vista nem sequer está equacionada e, por razões de padronização, mesmo os novos computadores recebem o XP, independentemente do sistema operativo pré-instalado.
Em instituições com milhares de utilizadores, como o sector financeiro ou o Estado, a migração será lenta e, certamente, em muitos casos nem sequer terá sido iniciada na altura em que a Microsoft pretende deixar de comercializar o Windows XP, razão pela qual cremos que este sistema operativo terá uma vida muito mais prolongada do que o próprio fabricante pretende.
Mau tempo e risco de inundação no Algarve até quarta-feira
Inundação provocada pelas fortes chuvas
Prevê-se que durante o dia de hoje, terça-feira, caiam chuvas fortes, que depois passarão a aguaceiros fortes ou muito fortes, sendo previsível que este mau tempo se prolongue até quarta-feira.
Dado que as primeiras chuvas fortes do ano têm consequências graves, sobretudo quando chegam antes de tempo e após um Verão chuvoso, o CDOS alertou para o perigo de inundações, quedas de árvores e acidentes de viação.
Como medidas de precaução, foi mencionada a necessidade de um especial com os sistemas de escoamento de águas e quintais e varandas, a limpeza de algerozes e caleiras e vedar portas e janelas.
O CDOS também alertou para o risco de cheias em zonas baixas e linhas de água, devendo os moradores das zonas habitualmente afectadas proteger os bens, mudando-os para zonas seguras, desligar a energia eléctrica e libertar os animais que não possam ser colocados em zonas altas.
Lembramos ainda que em zonas atingidas pelos incêndios existe um perigo agravado de erosão ou de desprendimento de terras, o que pode contribuir para alteração de cursos de água e consequentes inundações.
segunda-feira, outubro 01, 2007
OLPC vai ser vendido no mercado como forma de auto-financiamento
Nicholas Negroponte com um OLPC modelo XO-1
Esta iniciativa pretende divulgar o OLPC e contribuir para suportar os custos da sua distribuição junto de crianças necessitadas, sendo que por cada XO adquirido comercialmente, outro será doado a alguém que precise num dos países em vias de desenvolvimento aderentes.
Para Nicholas Negroponte, fundador do Media Lab, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), esta promoção é essencial para dar a conhecer o Projecto junto de consumidores de países desenvolvidos e como forma de obter maiores apoios para o fabrico e distribuição do modelo XO, que começará a ser disponibilizado no próximo mês de Outubro.
A possibilidade de comercializar o XO como forma de co-financiar o projecto OLPC já tinha sido equacionada no passado, tendo sido abordada num texto anterior, e a possibilidade de estes serem acessíveis a empresas que desenvolvem "software" livre vem dar uma nova possibilidade de aumentar os programas disponíveis para este modelo.
O valor pedido, de 399 dólares, parece-nos, no entanto, algo exagerado, mesmo tendo em conta que o dólar está fraco e que se traduz, em termos actuais, por cerca de 285 euros, pelo que a opção de a cada XO comprado corresponder um de oferta pode complicar esta acção.
A ideia de "leve um e ofereça outro" pode parecer tentadora em termos de marketing, mas se atentarmos ao preço, poderá ser algo irrealista e desmotivar quem não estiver disposto a pagar quase 400 dólares por um equipamento interessante mas com óbvias limitações na sua utilização para vários fins.
Um valor mais acessível, para além de potenciar as vendas, pode traduzir-se na popularização deste modelo, na criação de novos programas e em receitas superiores que poderão vir a contribuir decisivamente para este Projecto que reputamos da maior importância no desenvolvimento dos países aderentes.
Esperamos que, antes das compras do próximo Natal, o XO esteja disponível a um preço mais convidativo e que se torne na prenda favorita nos países onde será comercializado, certos de que esta será uma contribuição de vulto para o sucesso desta iniciativa.
"Fase Charlie" termina em dia de temporal
A "Fase Charlie", correspondente aos meses de maior risco de incêndios florestais, acabou de terminar, num dia em que o mau tempo atingiu quase todo o País.
Apesar de ainda faltarem os dados finais, que a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) deverá disponibilizar brevemente, é manifesto que este foi o ano com a menor área ardida nas últimas décadas e um número de ocorrências no nível mais baixo desde que existem registos.
Segundo a DGRF, desde o início do ano e até ao final de Agosto, a área ardida foi de 12.275 hectares, correspondendo a 7.3% da média de igual período dos últimos cinco anos enquanto o total de ocorrências, utilizando os mesmos critérios, ficou perto dos 38.6%.
No entanto, pouco de comum houve entre esta "Fase Charlie" e as de anos anteriores, dado que as condições climáticas determinaram um número invulgarmente baixo de ocorrências, mas, por outro lado, as chuvas que cairam em quantidade superior ao habitual também tiveram efeitos nefastos que agora se evidenciam.
Com as primeiras grandes chuvas a seguir ao Verão e a capacidade de absorção de vários solos acima do normal, sem a necessária limpeza dos sistemas de drenagem e de escoamento, verificaram-se inundações com alguma gravidade de que resultaram prejuizos sérios para quem viu os seus bens submersos.
Devemos dar um particular destaque às inundações na baixa de Sacavém e às declarações do presidente da Câmara de Loures que considerou como inteiramente normal que estas sucedam, como se estas fossem uma inevitabilidade resultante da praia-mar e das chuvas fortes, perante o que nada há a fazer.
Este episódio não pode deixar de lembrar que a Protecção Civil em Portugal, pelas razões que são conhecidas, se centrou na problemática dos incêndios, descurando outros tipos de desastres naturais ou de origem humana para os quais continuamos manifestamente mal preparados, sobretudo em áreas tão sensíveis como a das ameaças nucleares, químicas ou bacterorológicas.
A opção por uma estratégia reactiva, tal como aconteceu com o flagêlo dos incêndios, continua a ser seguida, pelo que presumimos que só após um incidente com alguma gravidade a Protecção Civil equacione a aquisição de meios e o treino e especialistas capazes de enfrentar um conjunto de ameaças que, infelizmente, estão sempre presentes no conturbado Mundo de hoje.
Dentro de poucos dias a DGRF disponibilizará os números finais desta "Fase Charlie" e todos terão a possibilidade de os analisar e comentar mas, diz-nos a experiência, que assistiremos a uma sessão de auto elogios por parte do poder político, que habitualmente prima pela falta de objectividade e se manifesta incapaz de aprender com a experiência.
Apesar de ainda faltarem os dados finais, que a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) deverá disponibilizar brevemente, é manifesto que este foi o ano com a menor área ardida nas últimas décadas e um número de ocorrências no nível mais baixo desde que existem registos.
Segundo a DGRF, desde o início do ano e até ao final de Agosto, a área ardida foi de 12.275 hectares, correspondendo a 7.3% da média de igual período dos últimos cinco anos enquanto o total de ocorrências, utilizando os mesmos critérios, ficou perto dos 38.6%.
No entanto, pouco de comum houve entre esta "Fase Charlie" e as de anos anteriores, dado que as condições climáticas determinaram um número invulgarmente baixo de ocorrências, mas, por outro lado, as chuvas que cairam em quantidade superior ao habitual também tiveram efeitos nefastos que agora se evidenciam.
Com as primeiras grandes chuvas a seguir ao Verão e a capacidade de absorção de vários solos acima do normal, sem a necessária limpeza dos sistemas de drenagem e de escoamento, verificaram-se inundações com alguma gravidade de que resultaram prejuizos sérios para quem viu os seus bens submersos.
Devemos dar um particular destaque às inundações na baixa de Sacavém e às declarações do presidente da Câmara de Loures que considerou como inteiramente normal que estas sucedam, como se estas fossem uma inevitabilidade resultante da praia-mar e das chuvas fortes, perante o que nada há a fazer.
Este episódio não pode deixar de lembrar que a Protecção Civil em Portugal, pelas razões que são conhecidas, se centrou na problemática dos incêndios, descurando outros tipos de desastres naturais ou de origem humana para os quais continuamos manifestamente mal preparados, sobretudo em áreas tão sensíveis como a das ameaças nucleares, químicas ou bacterorológicas.
A opção por uma estratégia reactiva, tal como aconteceu com o flagêlo dos incêndios, continua a ser seguida, pelo que presumimos que só após um incidente com alguma gravidade a Protecção Civil equacione a aquisição de meios e o treino e especialistas capazes de enfrentar um conjunto de ameaças que, infelizmente, estão sempre presentes no conturbado Mundo de hoje.
Dentro de poucos dias a DGRF disponibilizará os números finais desta "Fase Charlie" e todos terão a possibilidade de os analisar e comentar mas, diz-nos a experiência, que assistiremos a uma sessão de auto elogios por parte do poder político, que habitualmente prima pela falta de objectividade e se manifesta incapaz de aprender com a experiência.
domingo, setembro 30, 2007
Bombeiros acusam o Governo de implementar um sistema paralelo de ambulâncias
Interior de uma ambulância medicalizada
Esta alegada rede tem sido montada sem que haja coordenação com as corporações de bombeiros da região onde as valências na área de saúde são encerradas e sem ter em conta o protocolo assinado com a LBP no respeitante ao transporte de doentes.
Estas novas ambulâncias, designadas como SIV ou Suporte Imediato de Vida, incluem na sua tripulação um enfermeiro que, para o dirigente da LBP, podia ser integrado numa das actuais ambulâncias dos bombeiros em vez de implicar o custo de um novo meio que poderá ser um duplicado relativamente aos existentes.
Para a LBP esta é uma violação do acordado entre a Liga e o Estado e indicía a intenção do Governo de acabar com os serviços prestados pelos bombeiros nesta área através da implementação de um serviço concorrente pago com dinheiros públicos.
A Liga não se opõe a que operadores privados prestem este tipo de serviços, desde que devidamente credenciados, mas manifesta-se contra a possibilidade de estes serem feitos pelo próprio Estado através de um serviço que parece uma extensão algo economicista do Instituto Nacional de Emergência Médica.
Actualmente, os Bombeiros portugueses possuem cerca de 2.000 ambulâncias de emergência médica, perto de 3.500 destinadas a transporte de doentes e aproximadamente 800 viaturas de transporte, com capacidade para transportarem mais do que um doente para consultas, centros de saúde ou hospitais.
Esta estranha opção do Ministério da Saúde, onde parte das eventuais poupanças resultantes de uma política de encerramento de centros e serviços de urgência ou de atendimento seriam gastas, parece ser parte de uma estratégia comunicacional destinada a fazer esquecer o impacto do fecho de unidades de saúde, sem que do novo serviço de ambulâncias resultem significativas melhorias no atendimento e na segurança das populações.
Ao optar por um serviço próprio, com ambulâncias de um nível intermédio que não possuem as valências das Viatura Médicas de Emergência e Reanimação (VMER), que incluem um médico na tripulação e equipamento especializado, está-se a introduzir um novo tipo de meios que nem sequer é complementar, em muitos casos, das ambulâncias dos bombeiros, mas que, em termos de custo, será muito superior a estas e com tendência a aproximar-se das VMER.
Faz, portanto, todo o sentido que as verbas que o Estado se propõe gastar sejam utilizados para potenciar meios existentes, como um conjunto de ambulâncias dos bombeiros, em vez de introduzir um novo sistema que, eventualmente, levantará mais um conjunto de problemas de coordenação, para além de consumir recursos que poderiam ser melhor aproveitados de outra forma.
A única justificação encontrada para esta opção, para além de uma mera acção de propaganda, será a necessidade de um maior controle sobre o sistema de socorro, algo que vem em linha com as tendências manifestadas pelo Governo no sentido de reduzir a autonomia dos mais diversos orgãos e instituições, mas que tem tido dificuldades em impor aos bombeiros dada a sua base no voluntariado e em Associações Humanitárias que dependem da vontade dos sócios.
Concluimos que, mais do que qualquer outra razão, é uma ideia centralizadora e de controle acrescido que motiva uma opção que, na actual conjuntura, seja no panorama do socorro e da emergência pré-hospitalar, seja no âmbito das finanças públicas, não só não faz sentido como entra em contradição com as opções economicistas que determinaram o encerramento de numerosos serviços dependentes do Ministério da Saúde.
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