quarta-feira, setembro 05, 2007

Área ardida inferior à média dos últimos cinco anos


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Área ardida em Portugal

Desde o início de 2007 e até ao dia 31 de Agosto, foram destruidos por incêndios 12.188 hectares de floresta e mato, um valor muito inferior à média dos últimos cinco anos.

Segundo dados divulgados e actualizados ontem pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), registaram-se 7.081 ocorrências, correspondendo a 986 incêndios florestais e a 6.095 fogachos ou fogos com área ardida inferior a um hectare.

Em termos dos valores de área ardida, 6.583 hectares foram de floresta e um pouco mais, 5.605 hectares, correspondem a mato.

Os distritos com mais área ardida são os de Santarém, com 2.328 hectares, e de Beja, onde arderam 2.301 hectares, enquanto o maior número de incêndios florestais se verificaram nos distritos de Vila Real, com 116 ocorrências, e de Braga, com 109.

Em termos de fogachos, foram Porto e Lisboa os dois distritos onde se verificaram maior número, com 1.141 e 733 ocorrências respectivamente.

Se compararamos os totais de 2007 com a média dos últimos cinco anos, o decréscimo é substancial, com menos 14.407 ocorrências e menos 183.624 hectares ardidos.

Em 2007 verificaram-se 16 incêndios de grandes dimensões, designação atribuida quando a área ardida atinge ou ultrapassa os 100 hectares, os quais, no seu conjunto, devastaram um total de 8.229 hectares, o equivalente a perto de dois terços da área total ardida.

Ainda segundo os dados da DGRF, o maior incêndio deste ano foi o que ocorreu no Sardoal, no distrito de Santarém, e que destruiu uma área estimada em 1.864 hectares.

Este valores de perto de 12.000 hectares queimados são extremamente inferiores a uma média que se aproxima dos 200.000, na qual entram em conta os terríveis anos de 2003 e 2005 os quais acabam por projectar os valores médios para números muito elevados e, que, tendo em conta a devastação causada e a ausência de reposição da maioria das áreas destruidas, serão difíceis de repetir.

No entanto, os números deste ano devem ser analizados com cautela, pois a diminuição para metade do número de ocorrências e a cada vez maior fragmentação das áreas onde o fogo se pode propagar, aliada a um conjunto de condições meteorológicas ímpares, traduzem-se num esforço significativamente menor e num decréscimo da pressão sobre o dispositivo, do que resulta uma substancial diminuição de área ardida.

Se adicionarmos as inovações tácticas, resultantes de uma intervenção inicial mais rápida e um menor número de reacendimentos, algo que resulta de uma menor pressão sobre o dispositivo e da possibilidade de consolidar a extinção das chamas e manter a vigilância ao invês de, como aconteceu nos anos mais problemáticos, ser necessário deslocar os meios para um novo incêndio antes de terminar os trabalhos, é compreensível esta diminuição na área ardida.

Existem, apesar de tudo, alguns factores de alerta, nomeadamente o crescimento de nova vegetação em áreas ardidas, que começará em breve a ser problemática dado que não houve um esforço real de ordenamento ou de alteração das espécies, e as alterações climáticas do que poderá resultar um Verão com sucessivas ondas de calor que propiciam o avanço das chamas.

Como, para além das inevitáveis declarações de vitória, a pouco mais assitimos da parte de muitos governantes, a combinação explosiva resultante do acumular de combustível, fruto de um crescimento desordenado, e de condições climatéricas propícias, em breve poderão fazer esquecer este ano de acalmia que devia ter sido aproveitado para efectuar os trabalhos que anteriormente, durante o caos dos incêndios incessantes, não houve a possibilidade de realizar.

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