Dificuldades de circulação devido à neve
O reforço que agora se verifica acaba por dar razão a quem na altura afirmou realmente houve falhas a vários níveis, que "
o Comandante Nacional tanto teimou em rejeitar e negar", mas que agora parece ser evidente e levou a mobilizar meios de outras zonas do País, aparentemente sem uma coordenação com as corporações locais.
O custo desta mobilização terá andado pelos 25.000 euros, mas para além do valor subsistem as dúvidas quanto à sua adequação às necessidades e se o mesmo não poderia ter sido feito com custos menores recorrendo às corporações existentes na região, que têm a vantagem de conhecer melhor o terreno.
Nestes dias, em que houve alerta vermelho em diversos distritos e o encerramento de várias barras a Norte do Tejo, algumas estradas ficaram cortadas, mas não houve, objectivamente, o caos a que assistimos uma dezena de dias antes, sem que se verificasse um elevado número de veículos bloqueados.
Podendo ou não ter havido "
folclore", para usar a expressão utilizada, a reacção das autoridades foi francamente mais pronta e eficaz, tendo também contribuido uma maior sensibilidade das populações, sobretudo dos automobilistas, que adoptaram uma postura mais prudente, tendo aparentemente aprendido algo com o lamentável episódio de há dez dias.
No entanto, para além dos problemas relacionados com o socorro, verifica-se que Portugal não está minimamente preparado em termos de estruturas viárias, tipo de equipamentos, habitação e tantos outros, devidamente preparado para temperaturas ou condições climatéricas que se afastem dos valores normais para a época, apresentando inúmeras vulnerabilidades.
Independentemente das suas responsabilidades, não pode a
ANPC evitar que sucessivos erros de planeamento, de legislação inadequada ou de falta de prevenção tenham um efeito que pode ser devastador em casos extremos, tal como tende a acontecer quando surgem sucessivas vagas de calor, as quais tenderão a ser cada vez mais numerosas.
Será pois ao poder político, em última instância, que devem ser assacadas as responsabilidades pelo essencial do problema, que em muito supera um possível "
folclore" que, sendo sempre criticavel, é por demais secundário fae à gravidade da actual situação e ao risco de se agravar no futuro.