Um Kamov Ka-32 ao serviço da ANPC em voo
Desta forma, podemos estar diante de uma promessa precipitada, que não se baseou em quaisquer estudos, destinada a calar um coro crescente de protestos, mas de cuja eficácia se duvida, sendo que agora, para justificar a colocação no terreno destes meios, surge um novo estudo que visa dar algum suporte a uma decisão que surgiu como irreflectida.
Obviamente, somos favoráveis, por princípio, ao cumprimento de promessas, mas esta baseou-se em permissas erradas e corresponde a um gasto absurdo de verbas públicas que poderiam ser utilizadas de forma mais racional em benefício das próprias populações que, supostamente seriam beneficiados com a instalação destes novos meios aéreos.
O recurso a meios que impliquem deslocações mais ou menos prolongadas, sobretudo os que são mais sensíveis a problemas climáticos, que pode ser uma chuva forte, nevoeiro ou outras relativamente comuns não pode ser considerado com um meio de socorro corrente e, menos ainda, um substituto para recursos locais, cuja disponibilidade, mesmo que à custa de uma menor especialização, é substancialmente maior.
Num País que facilmente fica paralizado pelo frio, a inexistência de meios de socorro locais, instalados nos centros populacionais de alguma dimensão, substituidos por meios móveis mas que dependem de condições climáticas favoráveis, equivale a uma efectiva perda da capacidade de intervenção e um risco óbvio para as populações.
Este tipo de decisão, aliada ao encerramento de valências na área da saúde, tem ainda como consequência potenciar a desertificação do Interior, privando-o sobretudo das faixas ectárias mais jovens, com maior mobilidade, e previnem a fixação de famílias que pretendam ter filhos, dado o risco acrescido que resulta para estes de uma possível falta de assistência médica atempada.
Assim, para além do cumprimento de uma promessa, algo de essencial em período eleitoral, poucos serão os benefícios e muitos os custos, pelo que a manutenção da ideia de instalar estes meios aéreos será de constestar por não constituir uma solução adequada aos fins a que se propõe e, menos ainda, à substituição de um serviço de atendimento permanente na área da saúde.