sábado, setembro 21, 2024

Incêndios devastam Centro do País - 3ª parte

Com as condições criadas, basta um catalizador para que todo o processo se desencandeie, de forma algo imprevisível, mas inevitável, ou seja, sabemos que irá acontecer, mas desconhecemos o onde e o quando, com consequências que decorrem do cenário existente e que, com algum rigor, podem ser previstas e deviam ser prevenidas mais do que combatidas.

Enquanto se permitir que as condições para este tipo de ocorrência prevaleçam, o que decorre de falta de planeamento e de investimento, a aposta no combate está condenada a falhar, podendo, no limite, minimizar prejuizos e proteger, embora não na totalidade, as vidas humanas, acabando não fazer mais do que tentar encaminhar as chamas no sentido onde causem menos danos.

Houve, sem dúvida, muitas lições aprendidas desde o ano de 2017, mas a sua tradução prática continua escassa e falível, desconhecendo-se qualquer plano que mude o País de modo a que este seja mais resiliente, o que passa sempre por medidas estruturais, onerosas e a longo prazo, cujos resultados apenas serão visíveis muito para além do período de uma simples legislatura, ou seja, ultrapassam o prazo a que neste País se fazem planos, o que significa a sua não implementação.

O problema dos fogos florestais decorre da visão que existe para o País, ou da completa falta desta, e das prioridades que foram sendo estabelecidas ao longo dos últimos anos, que permitiram o abandono do Interior, enquanto o Litoral se transforma numa espécie de Disneylandia para turistas, tendo como consequências inevitáveis a absurda assimetria regional, do que vai resultar, a prazo, na insustentabilidade económica nacional, altura em que quaisquer planos serão tardios.

sexta-feira, setembro 20, 2024

Demora no atendimento do 112 em caso de morte no Algarve - 2ª parte

Este foi um caso que terminou de forma trágica, tendo sido impossível salvar a vida desta vítima de uma paragem cardio-respiratória, mas um inquérito sério tem que ir mais longe, apurando a real situação do atendimento, sendo quase certo que esta demora não é um caso único, merecendo destaque pelo desfecho final e pela denúncia pública.

Efectivamente, estamos absolutamente convictos de que esta é uma situação recorrente, tipicamente com consequências de menor gravidade, e que um inquérito sério irá encontrar outras ocorrências em que os tempos de atendimento excederam em muito não apenas o que se considera razoável, mas também aqueles que permitem um socorro eficaz e seguro, recorrendo aos meios adequados à situação específica.

São vários os casos reportados que descrevem atrasos no atendimento de chamadas por parte das centrais do 112, estando disponíveis estatísticas que apontam para tempos de resposta que excedem o recomendado, havendo situações onde as demoras ultrapassam tudo o que pode ser aceitável, mas ligações de causalidade entre o tempo de atendimento e o desfecho final são complexas e tendem a desvalorizar os atrasos.

No entanto, mesmo sendo difícil estabelecer para cada caso concreto as consequências de um atraso, existem estatísticas que relacionam demoras no socorro e fatalidades, pelo que, podendo ser impossível apontar casos ou situações específicas, pode ser estabelecido o tipo de consequências que, inevitavelmente, vão resultar das demoras, sendo óbvio que tem que haver responsabilização.

quinta-feira, setembro 19, 2024

Incêndios devastam Centro do País - 2ª parte

Esta diminuição de área ardida, que tipicamente acontece a seguir a um ano com uma vasta área ardida, resulta mais da descontinuidade e destruição de combustíveis do que de medidas estruturais que, infelizmente, continuam por ser decididas, num País onde o Interior continua a envelhecer, desertificar-se e empobrecer, tornando a prevenção quase impossível.

Com o avolumar do número de ocorrências e, nesta altura, várias dezenas de feridos, alguns com gravidade, tendo quatro bombeiros e três civis perdido a vida e com extensos danos materiais, incluindo-se a perda de casas de primeira habitação e veículos, a mobilização de meios e o pedido de apoio internacional, que, ao contrário do que sucedeu na Madeira, que recusou o apoio de bombeiros do Continente, foi quase imediato, aponta para a gravidade e para a complexidade da situação.

Ao contrário de muitos e apesar das detenções efectuadas, não concluímos imediatamente que sempre que se detectam múltiplos focos de incêndio, tal resulte de acção criminosas, cabendo às autoridades policiais investigar e estabelecer as causas, continuando a insistir que é da negligência e falta de prevenção que decorrem a maioria dos fogos, com as projecções resultantes do vento a originar vários focos, o que pode ocorrer num curto espaço de tempo.

Após anos com uma menor área ardida, e sem medidas preventivas adequadas, uma vaga de fogos teria que ser esperada, como consequência da acumulação de combustíveis e do abandono do Interior, não apenas por parte das populações, mas também pelo poder central, pouco disposto a investir verbas substanciais em circunscrições onde os votos pouco pesam no resultado final das eleições.

quarta-feira, setembro 18, 2024

Demora no atendimento do 112 em caso de morte no Algarve - 1ª parte

Era absolutamente previsível a abertura de um inquérito na sequência da morte de um homem, que ocorreu numa estação de serviço, no Algarve, após uma longa espera por um meio de socorro, tendo sido impossível contactar o socorro, através do número 112, durante um período que se estima em uma hora.

Tanto os familiares como os funcionários da estação de serviço tentaram o contacto que permitisse accionar os meios de socorro, mas foram-se deparando com uma gravação, sem que as chamadas fossem atendidas por um operador e, tanto quanto se sabe, não terão procurado outra forma de contacto, como um quartel de bombeiros ou entidade policial das proximidades.

Quando os meios de socorro chegaram, apesar os esforços dos familiares e funcionários presentes, que recorreram a procedimentos de suporte básico de vida, não obstante a acção de uma equipa diferenciada, que procedeu a manobras de suporte avançado de vida e procedeu ao transporte para o hospital, não foi possível salvar esta vítima, cujo óbito foi confirmado em meio hospitalar.

Não podemos, neste altura, estabelecer que a morte resultou das demoras no socorro, admitindo-se que esta pudesse vindo a ocorrer mesmo que os meios fossem prontamente enviados, mas a demora registada, para além de inaceitável, levanta toda uma série de questões quanto ao sistema de socorro, neste caso concreto, quanto ao atendimento da linha de emergência.

terça-feira, setembro 17, 2024

Incêndios devastam Centro do País - 1ª parte

Muitos, como nós, terão recebido no passado Domingo uma mensagem de alerta enviada pela Protecção Civil, salientando a previsão de condições meteorológicas de que resultava um elevado risco de incêndio para os dias seguintes realçando a necessidade de evitar o uso do fogo em áreas florestais.

Esta situação tem sido comum, mesmo no período que se segue ao dia 15 de Setembro, o qual, quando as condições climáticas o propiciem, tem sido particularmente complexo em termos de fogos, numa altura em que os terrenos estão particularmente secos, no seguimento das elevadas temperaturas do Verão, e se tende a verificar ventos fortes, do que resultam condições muito propícias ao rápido alastrar das chamas, inclusivé durante a noite, já que as temperaturas tendem a manter-se relativamente elevadas.

Todos nos lembrarmos dos terríveis fogos que ocorreram em Outubro de 2017, o mesmo ano dos incêndios de Pedrogão Grande, e que devastaram grande parte da zona centro do País, numa altura em que, anos atrás, era improvável a ocorrência de múltiplos fogos de grandes dimensões, sendo esta uma tendência que se tem vindo a agravar nos últimos anos, como resultado das alterações climáticas e de razões conjunturais que se mantêm, agora potenciadas pelas mudanças no clima.

Aliás, foram feitas comparações com o sucedido em Outubro de 2017, que não fazem sentido, porque a passagem do furacão Ofélia teve um efeito determinante, enquanto na situação actual os causas são comuns, resultantes da combinação de factores a que se alia uma grande disponibilidade de combustíveis e uma certa arrogância, que terá na origem uma diminuição da área ardida nos últimos anos.

segunda-feira, setembro 16, 2024

Novos "outdoors" em Lisboa são perigosos - 2ª parte

Consideramos muito pouco relevante, tal como muitos o fazem, tentar estabelecer em que condições foi dada a autorização para a colocação destes painéis, quem o autorizou ou quais as contrapartidas, preocupamo-nos, sobretudo, com as consequências em termos de segurança, sendo manifesto que esta foi aqui secundarizada, com a prioridade a ser dada às importantes receitas do contrato que permite a exploração destes painéis.

Já ouvimos diversas explicações, o contrato entre a Câmara Municipal de Lisboa e a JCDecaux é conhecido, mas o facto é que não existe um real controle dos efeitos da colocação de cada páinel, podendo, naturalmente, quem considere existir perigo dirigir-se aos serviços da autarquia ou ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes, a quem compete verificar se da instalação resultam perigos que justifiquem a sua remoção ou recolocação.

Estamos conscientes de que estabelecer uma relação de causalidade entre um "outdoor" e um acidente de viação pode não ser fácil, mas um despiste com colisão contra um destes páineis terá, obviamente, uma leitura diferente, dependendo das circunstâncias exactas, mas uma suspeita fundada da existência de perigos e a possibilidade do não cumprimento da legislação e de boas práticas, mais que justifica a tomada de medidas preventivas.

O Automóvel Clube de Portugal, do qual somos sócios, interpôs uma providência cautelar que visa suspender a instalações de novos "outdoors" e suspender o funcionamento daqueles que já se encontram instalados, considerando que, sendo motivo de distração, colocam em perigo os diversos utentes da via, seja os que circulam em veículos, sejam os peões.

domingo, setembro 15, 2024

Aplicações a actualizar - 2ª parte

Em termos de Android, a loja do Google, a partir da qual são efectuadas actualização, deve estar actualizada, algo que deve ocorrer de forma automática, tendo agora maior segurança e permitindo efectuar transferências de aplicações e respectiva instalação de forma simultâneo, tornando todo o processo de actualizações muito mais rápido e seguro.

Quem utiliza o Google Maps ou o Waze também tem todo o interesse em manter as aplicações actualizadas, estando previsto que venham a disponibilizar uma nova funcionalidade que controla a necessidade de efectuar pagamentos de estacionamento, podendo vir a ser integrada com outras plataformas de modo a que não seja necessário sair do veículo para proceder ao pagamento.

Também a aplicação usada para envio de mensagens têm vindo a receber actualizações, com funcionalidades novas e uma insistência cada vez maior na utilização de RCS, agora compatível com um maior número de dispositivos iOS, sendo vísivel, nas versões mais recentes, o indicador (RCS) em vez de Rich Communication Services, alternando com "Text", quando se recorre a um SMS comum.

É prudente proceder periodicamente à actualização das aplicações em uso, sendo aconselhável que tal seja feito de forma automática, mas, sabendo que tal nem sempre é adequado em situações específicas, forçar a actualização periódica das aplicações mais usadas faz todo o sentido, contribuindo assim para uma maior segurança do sistema e, eventualmente, dispondo de um conjunto de novas funcionalidades, algumas das quais podem revelar-se úteis e capazes de aumentar a produtividade do utilizador.