Com as condições criadas, basta um catalizador para que todo o processo se desencandeie, de forma algo imprevisível, mas inevitável, ou seja, sabemos que irá acontecer, mas desconhecemos o onde e o quando, com consequências que decorrem do cenário existente e que, com algum rigor, podem ser previstas e deviam ser prevenidas mais do que combatidas.
Enquanto se permitir que as condições para este tipo de ocorrência prevaleçam, o que decorre de falta de planeamento e de investimento, a aposta no combate está condenada a falhar, podendo, no limite, minimizar prejuizos e proteger, embora não na totalidade, as vidas humanas, acabando não fazer mais do que tentar encaminhar as chamas no sentido onde causem menos danos.
Houve, sem dúvida, muitas lições aprendidas desde o ano de 2017, mas a sua tradução prática continua escassa e falível, desconhecendo-se qualquer plano que mude o País de modo a que este seja mais resiliente, o que passa sempre por medidas estruturais, onerosas e a longo prazo, cujos resultados apenas serão visíveis muito para além do período de uma simples legislatura, ou seja, ultrapassam o prazo a que neste País se fazem planos, o que significa a sua não implementação.
O problema dos fogos florestais decorre da visão que existe para o País, ou da completa falta desta, e das prioridades que foram sendo estabelecidas ao longo dos últimos anos, que permitiram o abandono do Interior, enquanto o Litoral se transforma numa espécie de Disneylandia para turistas, tendo como consequências inevitáveis a absurda assimetria regional, do que vai resultar, a prazo, na insustentabilidade económica nacional, altura em que quaisquer planos serão tardios.
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