As chuvas que ocorreram nos meses de Maio e Junho vão ter um impacto decisivo na ocorrência de incêndios florestais durante este Verão.
Os meses de Julho e Agosto, com 26 e 44% da área ardida respectivamente, representam no seu conjunto 70% da destruição verificada em resultado dos incêndios florestais, pelo que o facto de serem antecedidos por um período de chuva tem um efeito imediato no total anual.
Pode-se, também, verificar que as condições mais adversas em termos meteorológicos ocorreram em 2003 e 2005, o que acaba por ser corroborado pela área ardida nesses anos e que foi muito superior à média.
Com base na análise de dados meteorológicos obtidos entre os anos de 1980 e 2005, um conjunto de investigadores ligou a ocorrência de precipitação e temperaturas mais baixas durante a primavera a uma diminuição do número de incêndios florestais e da área ardida.
Dado verificar-se a existência de uma coincidência quase absoluta entre um conjunto de condições meteorológicas e a área ardida, torna-se possível extrapolar os dados para o ano em curso, obtendo assim dados que permitem efectuar uma previsão comparativa.
Existem, obviamente, muitos outros condicionantes, seja em termos meteorológicos, seja como resultado da descontinuidade resultante dos incêndios de anos anteriores, das medidas de ordenamento do território e do dispositivo de combate aos fogos, mas a relação obtida permite concluir que continuamos à mercê das condições naturais.
Estes resultados acabam, portanto, por demonstrar que os resultados das políticas de ordenamento são escassos e que o aumento de meios e a maior eficácia no combate resulta num controle de danos que não traduz o volumoso investimento feito em meios e equipamentos.
Não se pretende, obviamente, transmitir a mensagem de que a prevenção não é necessária nem que o esforço em melhorar o dispositivo de combate não dê os seus frutos, mas tão somente que continuamos a depender em excesso de condições que não controlamos, arriscando em demasia num conjunto de variáveis que dependem de factores aleatórios.
Embora algo radical, dos dados apresentados quase-se pode concluir que será S. Pedro a determinar qual a área ardida, sendo provável que neste ano, projectando os valores obtidos a partir de anos anteriores, os números em termos de áreas destruidas pelo fogo deverão andar pelos 60 a 70.000 hectares, podendo ainda baixar se usarmos como factor de correcção a diminuição da área florestal existente e o aumento de descontinuidade.
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