domingo, agosto 26, 2007

46 mortos nos incêndios na Grécia em apenas 2 dias


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Um dos mais de 200 incêndios simultâneos

Os fogos na Grécia já causaram a morte de 46 pessoas em apenas dois dias, receando-se que este número aumente dado que várias localidades estão cercadas pelas chamas e diversas pessoas continuam desaparecidas.

O número de incêndios é de tal forma elevado que já não existem meios para responder a todos os pedidos, não obstante já terem começado a chegar reforços de países da União Europeia que responderam aos apelos do Governo grego.

Mesmo junto da capital, Atenas, continuam incêndios fora de controle, obrigando ao corte da estrada que liga o aeroporto à cidade que se encontra coberta de cinzas.

Os fortes ventos e altas temperaturas, superiores a 40º, bem como uma tempestade que impediu os meios aéreos de actuar, têm dificultado o combate aos incêndios, que continuam a evoluir com rapidez e imprevisibilidade apanhando vítimas que se vêm impossibilitadas de fugir das chamas.

Também a seca e actos criminosos têm contribuido para esta tragédia humana e para o desastre ecológico que se vive nesta zona do Mediterrâneo.

Este é o ano em que se verificaram mais incêndios florestais na Grécia, com mais de 100.000 hectares ardidos e zonas, como o sul da Península do Peloponeso a serem classificadas pela imprensa como "crematórios".

A influência das condições climáticas, potenciadas pelas alterações que se têm vindo a verificar, têm sido o factor decisivo, contando ainda com o contributo oportunista de criminosos que aproveitam a confusão instalada para aumentar o número de ocorrências, o qual ultrapassa o limite das capacidades de resposta do dispositivo de Protecção Civil grego.

A actual situação de colapso, resultante do esforço demasiado prolongado e da impossibilidade de acorrer a todas as situações e de consolidar as extinções, que rapidamente reacendem, exemplificam o que pode acontecer num País cuja preparação para estas eventualidades não é inferior ao nosso.

Se após o desencadear desta situação, o controle é difícil e será sempre feito a um custo demasiado elevado, percebe-se que a aposta principal tem que ser no ordenamento do território e na prevenção, mesmo que para tal seja necessário sacrificar outros meios ou recursos, inclusivé a nível do próprio combate.

Entre nós, a aposta tem sido essencialmente em meios de combate, mas tudo o que diz respeito às formas de evitar que uma situação semelhante à vivida na Grécia possa vir a ocorrer, tem tido uma muito pequena atenção por parte dos responsáveis políticos e da própria comunicação social, mais interessada na espectacularidade do combate contra as chamas do que no discreto, persistente e eficaz trabalho de prevenção.

Sem um trabalho de ordenamento e de prevenção, sem desenvolvimento regional e solidariedade nacional, não há meios de combate capazes de enfrentar o que hoje se passa na Grécia, sendo que tal devia fazer reflectir os decisores políticos e levá-los a adoptar as medidas necessárias para prevenir situações semelhantes que dependem, sobretudo, de condições climáticas incontroláveis.

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