segunda-feira, dezembro 31, 2007

Já foram encerrados 33 SAP - 2ª parte


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Gouveia: outra das vítimas desta política

Para além da Ordem dos Médicos, que sempre se opôs a esta política de encerramentos, também populações e autarquias concordam que não existe nenhum objectivo técnico a presidir a uma reorganização que se rege por critérios meramente economicistas, prejudicando seriamente as populações e o desenvolvimento regional.

O Ministério da Saúde e as administrações regionais, que dele dependem, têm vindo a justificar os encerramentos com falta de utentes ou defeciências nos serviços, chegando a afirmar que colocam em risco a saúde dos utentes, enquanto garantem a existência de alternativas e de novos meios de socorro, nomeadamente em termos de ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV).

Já nos insurgimos diversas vezes contra esta forma de promiscuidade que mistura vários tipos de cuidados médicos, de socorro, de emergência pré-hospitalar e de assistência social, que são complementares e não podem nem devem ser prestados pelas mesmas entidades.

Pensar que uma ambulância, por muito bem equipada que esteja, pode substituir o apoio médico local, que para além de uma função clínica desempenha um importante papel social, ou supor que uma evacuação mais rápida, que acaba por depender de um conjunto de factores imponderáveis, é uma alternativa para uma urgência próxima, é algo que não faz sentido do ponto de vista técnico nem tranquiliza as populações.

Lamentavelmente, já há autarcas a imaginar soluções baseadas na iniciativa privada, que cada vez mais substitui o Estado em funções essenciais, com custos substanciais para as populações, mas facilitando o equilibrio das contas públicas, as quais incluem cada vez menos serviços prestados aos cidadãos.

Esta é, no entanto, uma falsa esperança, dado que os grupos privados de saúde a actuar em Portugal, com excepção das Misericórdias, não pretendem instalar-se nos locais onde o Estado garante não haver o número suficiente de habitantes que viabilizem os serviços, pelo que a ilusão de termos uma alternativa real aos serviços públicos apenas existe na ideia dos mais incautos.

Temos, portanto, uma situação em que não existem alternativas reais, do que resultam graves riscos para as populações, sendo que caso existissem estatísticas sérias e credíveis em breve poderiamos tirar conclusões de uma opção manifestamente errada, que compromete princípios básicos de subsidariedade, de solidariedade e de coesão nacional.

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