terça-feira, junho 06, 2006

Um colapso evidente


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O cenário habitual do Verão em Portugal

Nestes últimos dias tornou-se evidente a falta de preparação para enfrentar uma nova vaga de incêndios florestais, com uma manifesta falta de meios, de coordenação e de vontade política a contribuir para um agravamento desta situação.

Se o mês de Maio já foi o pior dos últimos anos, não obstante as medidas tantas vezes anunciadas pelo Governo e que, efectivamente, se resumem a pouco mais do que a criação do GIPS da GNR e de um conjunto de decisões de carácter administrativo que efectivamente ninguém controla, com a chegada de Junho houve um agravamento das condições climatéricas e, com isso, uma maior incidência de fogos florestais.

Sem por em causa o facto de a floresta portuguesa continuar completamente desordenada, de os prometidos equipamentos não terem chegado às corporações, de o modelo organizativo para o socorro permanecer em plena conflitualidade, com o agravamento de uma cada vez maior politização, é inegável que as previsões que aqui fizemos tendem a confirmar-se e as prometidas melhorias parecem, a existir, demasiado escassas para a dimensão do problema.

A recepção feita pelas populações ao secretário de Estado que tutela o sector, que tenta justificar a falta de meios com opções de ordem operacional, que nos parecem mais do que discutíveis, demonstra que não existe confiança nem no dispositivo previsto, nem nos responsáveis pela coordenação das operações e que só o esforço de algumas corporações de bombeiros, desprovidas de apoio que não o dos populares evitou uma tragédia.

A justificação repetida de que tal acontece em 98% devido a causas humanas, tal como foi adiantada pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, continua a ser a desculpa para uma situação inaceitável, das quais ninguém parece interessado em retirar as devidas consequências, optando por acusar, sem provas, todo um povo, ao qual são imputados comportamentos que variam entre a negligência e o crime.

Lamenta-se a postura dos responsáveis pelo sector, que após um ano de reflexão parece nada terem aprendido, preparando-se para repetir erros do passado enquanto se socorrem de desculpas em que já ninguém acredita.

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