segunda-feira, junho 05, 2006

O exemplo do abstencionismo


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Assembleia da República

O presidente da Assembleia queria marcar uma votação e convocou os vários líderes parlamentares para discutir a data.

Prudentemente, a 2ª e 6ª feira foram imediatamente eliminadas e nem sequer foram postas à consideração.

Seguidamente, pensou-se que 3ª ou 5ª talvez pudessem satisfazer a todos, mas logo se começou a ouvir um crescente burburinho na sala.

Nessa altura, o presidente da Assembleia sugeriu o que pensou muitos que queriam ouvir e, sorridente, colocou na mesa a hipótese da 4ª feira, imaginando que seria a mais consensual.

Eis quando, do fundo da sala, se ouve exclamar com indisfarçável pesar: “Mas logo 4ª feira, que estraga dois fins de semana?

Este é o triste retrato de uma situação que todos conhecemos, onde os adiamentos sucessivos são determinados pela conveniencia pessoal de uns poucos que, indiferentes à responsabilidade das suas funções, ignoram os deveres do cargo para o qual foram eleitos.

Para além dos atrasos legislativos e da falta de qualidade de muito do trabalho realizado, a regulamentação da legislação aprovada tende a demorar largos anos, durante os quais as leis não podem ser aplicadas.

Infelizmente, com o Mundial 2006, assitimos a uma recalendarização de actividades parlamentares de modo a que os deputados possam assistir às transmissões, evitando assim que as inevitáveis faltas causassem novo escândalo, mas sancionando uma situação de falta de rigor que envia a pior mensagem ao povo português.

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