domingo, setembro 16, 2007

Um terço da área ardida este ano é da rede Natura


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Os incêndios têm devastado áreas protegidas

Ao contrário de anos anteriores, em 2007 a área ardida em Portugal representou, até 31 de Agosto, apenas 1.1% do total destruido pelas chamas a nível europeu.

Os mesmos dados salientam que, entre a área ardida, perto de um terço, concretamente 29.2% correspondem a zonas de reserva integradas na Rede Natura 2000, as quais têm uma especial importância em termos de perservação da biodiversidade.

Nestes últimos dois anos, com a diminuição do total de área ardida, a incidência sobre zonas protegidas, relativamente poupadas em anos anteriores, tem vindo a ganhar especial destaque em termos percentuais, o que não se traduz automaticamente em valores totais superiores a anos anteriores, em que a área ardida superou largamente a média.

Se tivermos em conta que, segundo os dados da Direcção-Geral de Recursos Florestais relativamente a este período arderam 12.188 hectares, o próprio valor de áreas protegidas ardidas não são superiores aos de anos anteriores e confirmam o baixo nível de risco deste Verão.

Com efeito, no cálculo das estatísticas, o impacto das zonas protegidas tem vindo a aumentar sobretudo em termos comparativos, mas tal não deixa de traduzir uma realidade preocupante, revelando uma certa vulnerabilidade nos sistemas de ordenamento e de vigilância que, muitas vezes, não funcionam.

Tal como sucede com várias estatísticas, como as referentes a ocorrências noturnas ou a fogos postos, os números especialmente reduzidos em termos de número total de incêndios ou de área ardida permite uma manipulação relativamente fácil de realizar, bastando para tal omitir parte dos dados ou dar um enfâse especial a um conjunto de valores que obscurece os demais.

Sem por em causa a importância das zonas protegidas atingidas pelas chamas, mencionar a subida percentual e não a redução em área bruta acaba por transmitir uma ideia errada da realidade, passando para o público uma imagem catastrofista que, pelo menos este ano, não corresponde à verdade.

Tal como acontece noutras situações, o recurso de forma pouco sério a dados estatísticos acaba por ser a forma de, sem que exista uma falta de verdade formal, se possa passar uma mensagem que será entendida em função da forma e não do seu conteúdo objectivo, permitindo o engano deliberado de quem não se socorre de métodos comparativos para a analisar.

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