O sofisticado interior do cockpit do Beriev B-200
Este Verão será realizado um teste operacional alargado, ao longo do qual serão avaliados nove parâmetros definidos pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) e que incluem a velocidade, capacidade de abastecimento em albufeiras e foz de rios ou descarga de água.
Só após esta avaliação e o devido estudo haverá uma decisão quanto à eventual aquisição de aparelhos, que se pretende seja realizada no âmbito da negociação de uma antiga dívida da Federação Russa a Portugal.
O acordo prevê que o Beriev B200 do último modelo esteja integrado no dispositivo nacional de meios aéreos, estando contratado um mínimo de 60 horas de voo e máximo de 100.
Segundo declarações de António Costa, Ministro de Estado e da Administração Interna, após uma reunião com os responsáveis da empresa, a operação custará entre 1.234 e 1.546 milhões de euros.
O avião ficará, "em princípio", estacionado na Base de Ovar da Força Aérea, mas actuará em todo o território, dependente das ordens do Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS) do SNBPC.
António Costa salientou as vantagens do modelo em causa "beneficiar já de alterações introduzidas após os dois últimos anos de testes", feitos na Sardenha, mas recusou, antecipar cenários quanto à aquisição de aeronaves ou custos previstos, caso a operacionalidade venha a ser avaliada positivamente.
Alexander Luleshov, da Beriev, explicou que a estimativa da empresa aponta para que venha a ser descarregada pelo avião qualquer coisa como 3.000 toneladas de água, nas operações de combate.
O aparelho tem capacidade para transportar 12.000 litros, sensivelmente o dobro do Canadair, aparelho de combate pesado que tem sido usado no país, e atinge o dobro da velocidade do modelo canadiano.
As suas dimensões e perfilde voo podem, contudo, tornar-se uma desvantagem operacional, já que dificultam a aproximação ao solo e os abastecimentos de água que, na Sardenha, foram sempre feitos em mar, razão pela qual se estudou o uso desta no combate aos incêndios.
Num texto anterior, analisamos algumas características deste modelo e as vantagens e limitações, pelo que sugerimos aos nossos leitores que leiam ou releiam as considerações que então fizemos e que permanecem actuais.
Na altura, também nos referimos à questão do pagamento, que se pretende entre em conta com uma antiga dívida russa que também comentamos na altura, e que após a dissolução da União Soviética surge como particulramente difícil de cobrar.
Embora todas as ajudas sejam benvindas, o B 200 não se integra numa verdadeira estratégia de combate aos incêndios florestais, que permanece inexistente, vindo apenas reforçar opções tácticas que se afiguram como errada, facto que é demonstrado pelos resultados dos últimos anos.
Fazendo um paralelo, a chegada do Beriev sem que este seja complementado por outras medidas, lembra uma situação militar onde, dada a incapacidade de agir atempadamente e com a precisão necessária, se aumenta desmedidamente o poder de fogo, a despeito de custos e efeitos colaterais, do que não resulta necessariamente uma melhoria dos resultados.
Assim, sem estar integrado numa estratégia clara, a chegada do Beriev acaba por não passar de um pequeno paliativo, mais destinado a dar algum animo a quem já não confia, do que a obter resultados concretos.
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