quarta-feira, abril 19, 2006

Água micro-pulverizada no combate a incêndios


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Sistema portátil em acção

Várias corporações de bombeiros da região Centro assistiram na passada segunda-feira, na Lousã, à apresentação de uma nova tecnologia de extinção de incêndios, que funciona através do lançamento de água micro-pulverizada e espuma de ar comprimido, conforme anunciamos recentemente.

Os equipamentos foram apresentados no auditório do "Centro de Operações de Técnicas Florestais" e testados no aeródromo municipal, onde funciona um pólo do Centro de Formação da Escola Nacional de Bombeiros, num simulacro de incêndio.

"Trata-se de um equipamento de tecnologia aeroespacial com um sistema de espuma e água pulverizada, que permite uma primeira intervenção mais decisiva, eficaz e com menos recursos", conforme explicou Paulo Moreira, da Tecniquitel, distribuidora da tecnologia concebida pela empresa alemã AFT (Advanced Firefighting Technology GmbH).

Segundo este responsável, "o lançamento de água dividida em partículas adequadas forma um manto de vapor que sufoca as chamas e impede a entrada de oxigénio, extinguindo-as".

A tecnologia AFT está disponível através de unidades móveis de trazer às costas ou montadas sobre rodas, constituídas por um cilindro de ar comprimido, com um reservatório de água e espuma e uma pistola que permite ao utilizador direccionar o jacto a uma distância de 18 metros.

"Esta tecnologia produz água nebulizada ultrafina de distribuição concentrada, espuma ou espuma de ar comprimido, utilizando ponteiras especiais que criam uma área de superfície cerca de 50 vezes superior à água projectada por uma autobomba convencional, o que resulta num rápido arrefecimento devido à intensa absorção do calor", sublinhou Paulo Moreira.

Os sistemas da AFT são fabricados na Alemanha, incorporando, segundo o fabricante, "componentes de alta qualidade e precisão", e estão "aprovados e certificados por organismos europeus".

Como potenciais clientes do sistema, a AFT aponta "as equipas de primeira intervenção dos bombeiros, as Forças Armadas, petrolíferas, aeroportos e forças de segurança".

A mesma tecnologia tem capacidade para grandes incêndios, através de viaturas próprias, e pode também ser aplicada em helicópteros com um canhão de jacto superior a 70 metros, com débito de dez litros por segundo, conforme mencionamos quando apresentamos esta solução.

De acordo com Philippe Greffe, representante da AFT para a Europa do Sul, este sistema de extinção de incêndios já foi adoptado pelo Aeroporto de Basileia, na Suíça, Metro de Calcutá, Índia, autoridades portuárias de Singapura e pela principal estação de comboios de Frankfurt, na Alemanha.

Um simples sistema portátil, de trazer às costas, como da fotografia, com capacidade para nove litros, pode custar até 3.750 euros, dependendo das quantidades adquiridos, o que os coloca fora do alcance da maioria das corporações.

Esta tecnologia, pelo seu custo, parece estar mais vocacionada para sistemas de intervenção rápida, eventualmente montada em helicópteros, de modo a que a possam ser devidamente amortizados através de uma utilização intensiva em situações decisivas para as quais é necessário o máximo de mobilidade.

Falta, no entanto, saber os custos e métodos de recarregamento, incluindo equipamentos acessórios para o efeito, de modo a que a rapidez e eficácia de intervenção não seja penalizada por dificuldades em ter os sistemas novamente operacionais após a sua utilização.

Tal como acontece com outras tecnologias, cremos que brevemente o custo irá diminuir, tornando-se mais acessível, após o que podemos esperar alguma divulgação junto das corporações de bombeiros.

No entanto, a questão dos incêndios florestais é estrutural e a primazia devia ser dada ao ordenamento do território e à prevenção, pois quando se chega à fase do combate, independentemente do seu sucesso, já se sofreu uma derrota.

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