quarta-feira, novembro 14, 2007

EMA desmente notícia de "O Público"


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Um Ecureuil AS 350 B3 com carga suspensa

A Empresa de Meios Aéreos (EMA), veio hoje contrariar a notícia do jornal "O Público", que citava os responsáveis da Helibravo, antiga empregadora do piloto que morreu quando o helicóptero que comandava se despenhou no sábado passado em Melgaço.

Segundo a EMA, José Abreu, de 43 anos, tinha feito 42 largadas de água em missões de combate a incêndios, a que se adicionam mais 46 em treinos, correspondendo a dez vezes mais treino em combate a incêndios do que exigido por lei.

Segundo o comunicado da EMA, este piloto fora "submetido a um rigoroso processo de recrutamento, tendo-se concluído que tinha a formação e a experiência necessárias ao desempenho das suas funções", e "tinha 900 horas de voo, das quais 750 em helicóptero".

No entanto, para a Helibravo, a carreira deste piloto, que entrou para a aviação aos 40 anos e tirou connosco o curso de piloto comercial de helicópteros, a experiência e as missões que poderia desempenhar eram outras, pelo que só para o Verão de 2008 participaria no combate aos fogos.

Segundo José Pereira, director de operações da empresa onde o piloto foi formado e trabalhou, "se ele tivesse preparação e experiência para fazer combate a fogos tê-lo-ia feito para nós em Julho deste ano, e evitaria que tivéssemos chamado um piloto do estrangeiro".

Ainda segundo as declarações prestadas ao jornal "O Público", a Helibravo era "até 2006, éramos a única empresa em Portugal a ter os B3 e as companhias de seguros exigiam-nos que os pilotos tivessem 2.500 horas de voo para segurarem a operação toda", referindo-se aos riscos inerentes a missões de combate a incêndios.

Apesar do número de horas de voo ser superior às 500 inicialmente contabilizadas, que agora passam para 900 das quais 750 em helicóptero, a EMA não deu detalhes relativamente a que voos foram efectuados por este piloto ou quais os helicópteros que pilotou, ficando em aberto saber se estas aumentaram significativamente a sua preparação para o tipo de missão em que veio a perder a vida.

Será, pois de deduzir que foi durante o período de serviço na EMA que o total de horas aumentou em algumas centenas e que foram efectuados a totalidade dos treinos e utilização opercional do sistema de balde o que, pelas datas conhecidas, terá ocorrido num espaço de tempo curto que começou em Agosto e terminou com o acidente do passado sábado.

Também o argumento de ter dez vezes mais treino do que o exigido por lei de pouco serve, sobretudo se fizermos contas e concluirmos que, se efectuou 46 largadas em treino, então a legislação obrigará a entre 4 e 5 largadas o que, convenhamos, é insuficiente para adquirir a prática necessária.

Pelas declarações da EMA, que se refugia atrás do aspecto legal para defender o recurso a este piloto, apenas podemos concluir que a legislação está errada e que os responsáveis da empresa usam como critério algo que, independentemente da sua legalidade formal, apenas pode ter como resultado um acidente semelhante ao que sucedeu.

Neste caso interrogamo-nos se, caso a preparação fosse tão adequada como a EMA nos quer fazer crer, os restantes helicópteros não estariam a combater os fogos em vez de estarem imobilizados como reserva para algo que, com toda a probabilidade, não terá o relevo e a importância de que se reveste o apoio aos bombeiros.

Espera-se que os dois inquéritos em curso, um da responsabilidade do Instituto Nacional da Aviação Civil e outro da Inspecção-Geral da Administração Interna possam clarificar o que se passou, mas o testemunho de colegas e do director de operações da Helibravo, que serão quem melhor o conhece, acaba por ser determinante para saber se o piloto em causa devia ou não efectuar este tipo de missões.

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