segunda-feira, agosto 13, 2007

Ministro diz que não é o clima que evita os fogos


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Incêndio florestal

O ministro da Administração Interna (MAI), Rui Pereira, afirmou em Évora, durante uma visita ao Centro de Coordenação de Operações de Socorro realizada na passada na 5ª feira, que os resultados positivos obtidos este ano no combate aos incêndios florestais não têm sido o "resultado da sorte", mas de uma "resposta adequada" do dispositivo.

Para o titular do MAI, "para ter sorte, temos trabalhado muito e continuaremos a trabalhar muito", sendo que os "resultados ilustram o esforço" de um dispositivo com cerca de 9.500 elementos.

Referindo-se às condições climatéricas que se verificaram durante este ano, o ministro considerou que anos anteriores, "com condições idênticas, os resultados foram piores", salientando a rapidez da resposta, a coordenação, quer ao nível político, quer operacional, e a programação dos meios envolvidos.

Lembramos que, segundo os dados fornecidos pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), os incêndios florestais ocorridos em Portugal até 31 de Julho destruiram cerca de 5.000 hectares, tendo sido contabilizadas 4.529 ocorrências de fogo, das quais 571 foram classificados como incêndios florestais e 3.958, em que ardeu menos de um hectare, como fogachos.

Os comentários de Rui Pereira, de um triunfalismo injustificado, escamoteiam a realidade, sobretudo no referente às condições climatéricas e omitem um factor de extrema importância, o da área ardida em anos anteriores e que serve de barreira de contenção, impedindo a propagação de incêndios de grandes dimensões.

Num texto recente, cuja releitura sugerimos, suportado pela opinião de especialistas, as causas para a redução do número de ignições e de incêndios tem, essencialmente, outras causas que não as apontadas pelo MAI, alertando para a transitoriedade de uma situação que é, fundamentalmente, conjuntural.

Países com dispositivos de combate em nada inferiores ao nosso, como a Itália ou Espanha, com melhor ordenamento do território, como acontece na Galiza, sofreram graves prejuizos devido aos incêndios florestais, sendo a grande diferença em relação a Portugal as condições meteorológicas aí verificadas.

Os comentários do MAI são, portanto, incorrectos, dado ocultarem substancial parte da verdade, contradizerem especialistas e darem uma falsa sensação de segurança, aparentando que foi efectuado um trabalho que, praticamente, ainda nem foi começado.

Em condições atmosféricas adversas, tal como aconteceu em diversos países da orla mediterrânica, a realidade seria completamente diferente e, provavelmente, ouviriamos uma série de desculpas igualmente absurdas, em linha com o distanciamento da realidade das frases proferidas por responsáveis políticos que, manifestamente, não conhecem o País em que vivem.

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