domingo, agosto 12, 2007

Especialistas confirmam que diminuição de incêndios se deve à meteorologia


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Incêndio florestal

Para diversos especialistas, a substancial diminuição da área ardida verificada este ano deve-se a condições meteorológicas favoráveis, à área ardida nos últimos anos, e a uma melhor organização da vigilância e do combate aos incêndios.

Destes factores combinados, resulta que a área ardida este ano seja só 6.6 % da média dos últimos cinco anos, mas tal situação é transitória dado resultar, em grande parte, de factores que não são controláveis.

Os grandes incêndios ocorridos em 2003 e 2005 destruiram largas áreas florestais que ainda não se regeneraram e funcionam como barreiras naturais, impedindo ou dificultando a propagação das chamas, mas o facto de a vegetação estar a ser reposta sem um verdadeiro ordenamento poderá permitir que, dentro de poucos anos, a situação volte ao que era antes destes anos fatídicos.

É, no entanto, nas condições meteorológicas excepcionais que reside o menor número de ocorrências e o baixo valor de área ardida, vindo os dados da Direcção Geral dos Recursos Florestais confirmar que em Junho e Julho, sobretudo no Norte do País, choveu mais do que o habitual e as temperaturas foram mais baixas do que a média.

Mais importante ainda, não houve períodos longos com elevadas temperaturas, sendo estas ciclicamente interrompidas por dias mais frios e, em muitos casos, pela ocorrência de precipitação, factores decisivos para diminuir o risco de incêndios.

Estas condições, opostas às que se verificaram em diversos países mediterrânicos, evitaram situações semelhantes às que se verificaram nas Canárias ou na Grécia, onde os incêndios tiveram um impacto significativo durante este Verão e transformaram o passado mês de Julho no pior de sempre a nível europeu.

Relevante, mas com impacto menor, tem sido a melhoria do sistema de detecção e vigilância, onde se verificaram progressos a nível de coordenação e de comunicações, bem como os trabalhos de diversas autarquias, mais sensíveis à problemática dos incêndios e que têm implementado medidas a nível de faixas de combustível, aceiros e caminhos, criando assim uma quadícula que contém os incêndios no interior de perímetros delimitados.

Em contrapartida, a nível de particulares, as alterações têm sido muito diminutas, resultando, em grande parte, da diminuta dimensão de propriedades rurais e de uma excessiva fragmentação destas, as quais, na maioria dos casos, não são englobadas em áreas ordenadas ou zonas de intervenção floresta, em que a gestão é partilhada pelos proprietários.

Temos, pois um País que continua essencialmente dependente de um conjunto de factores que não controla, de legislação que não é cumprida ou de projectos que não chegam a ser implementados, pelo que a vulnerabilidade em que nos encontramos deve ser motivo de reflexão de todos quantos se preocupam não apenas com a problemática dos incêndios florestais, mas com todas as vertentes a eles ligados, como o desenvolvimento regional ou a solidariedade nacional.

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