O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira, anunciou que não se recanditará a um novo mandato nas eleições do próximo ano.
No dia em que o Regime Jurídico das Associações Humanitárias de Bombeiros foi publicado em Diário da República, o presidente da LBP apelou a uma renovação de quadros nas associações humanitárias e, para "dar o exemplo" não se recanditará ao cargo que desempenha desde o ano 2000.
Do novo Regime Jurídico consta a possibilidade de as Associações Humanitárias puderem desenvolver outras actividades de cariz económico, de modo a financiar os corpos de bombeiros, mas também está previsto um maior controle da tutela sobre a gestão, impondo regras mais estritas e diversas limitações.
Os novos modelos de gestão agora permitidos, incluidos num diploma que gerou polémicas, implicam, provavelmente, uma renovação de muitos dirigentes, no sentido de um maior profissionalismo e de uma adequação às novas possibilidades de cariz empresarial que agora são abertas e das quais vai depender, em muito, a capacidade de financiamento das Associações.
Num País em que existem 435 corporações de bombeiros, sedeadas em 307 dos 308 concelhos do país, ou seja em todos menos num, concretamente o de Castro Marim, no Algarve, suportadas por 1.200.000 de associados, com um total de 38.000 elementos nos corpos activos, entre voluntários e assalariados, e geridas por 7.000 dirigentes, desempenhando cargos de direcção nas organizações humanitárias, o universo dos bombeiros voluntários em Portugal ultrapassa em muito os números que a opinião pública imagina, pelo que a importância da sua gestão é extraordinariamente importante.
No entanto, para além da gestão e da organização das Associações, a que a LBP tem dado particular importância, exitem vertentes onde o silêncio tem imperado ou que têm sido secundarizadas, nomeadamente quando se fala do bombeiro como indivíduo e não como membro de um corpo ou de uma associação.
Quando se fala do bombeiro, que enfrenta problemas completamente diferentes daqueles com que se deparam as estruturas organizativas, consideramos que a LBP falhou em muitos aspectos, abdicando de reivindicações que beneficiariam os indivíduos em favor de uma posição de força na defesa das Associações.
Problemas como o apoio psicológico ou formas de compensação complementares para quem presta serviço activo nos corpos de bombeiros, só para exemplificar, não tiveram a mesma atenção que o valor pago por cada quilómetro de serviço de ambulância ou o número de mandatos em que um dirigente pode estar à frente de uma Associação Humanitária.
Mesmo admitindo que a LBP é uma estutura que agrega associações, é bom não esquecer que estas dependem dos homens e mulheres que nelas prestam serviço e sem os quais a sua existência carece de sentido, pelo que uma revisão da postura da Liga, dando prioridade ao indivíduo e não às estruturas, é algo que consideramos da maior importância.
Será esta uma ocasião para a LBP se renovar, mas também para cada um, individualmente, refletir sobre a defesa que esta faz dos seus direitos e sobre a necessidade de apoiar associações directamente vocacionadas para esse fim.
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