Acidente na Sertã - foto BV Alhandra
As respostas de elementos das corporações da Guarda, Santarém, Samora Correia, Trafaria e Cacilhas, demonstram que lidar com vítimas de sofrimento se torna numa fonte de permanente tensão que permanece ao longo de todo o ano e não apenas quando os bombeiros lutam contra incêndios ou defrontam situações de risco.
Do mesmo estudo consta o impacto da actividade na vida familiar e na saúde dos participantes e pode-se verificar quais os locais estudados onde o desgaste psicológico é maior e que se verifica na Guarda, de Santarém e de Samora Correia, do que decorre maiores problemas a nível de perturbações psíquicas e fisiológicas.
Segundo o estudo, o resultado poderá resultar das situações enfrentadas, nomeadamente os incêndios florestais que ocorrem na Guarda e Santarém, os acidentes de viação graves, mais comuns em Santarém e Samora Correia e os afogamentos na Trafaria e em Cacilhas.
Segundo o CeFPsi, "a exigência profissional que causa mais stress aos bombeiros das cinco corporações é lidar com vítimas em sofrimento", e verifica-se que "esta fonte de stress é uma categoria inédita neste tipo de estudos".
Anteriormente, já nos debruçamos sobre a falta de acompanhamento psicológico nas corporações de bombeiros e na escassez de estudos que permitam minorar os problemas resultantes desta actividade.
Os estudos efectuados com militares, que são submetidos a um stress prolongado, incluem um conjunto de ensinamentos importantes, seja a nível de causas, seja na forma como lidar com os efeitos, mas não é possível fazer uma transposição directa dado a existência de uma perspectiva diferente a nível de missões, de motivações pessoais e da própria avaliação de sucesso ou fracasso, essenciais para a determinação e avaliação dos efeitos nos participantes.
Mas salvaguardando as diferenças, um estudo comparativo entre o "stress de combate" e os efeitos sofridos pelos bombeiros nas suas actividades dará a conhecer dados importantes que permitirão recorrer a muito do que já se aprendeu com a experiência de tratamento de militares e aplicá-los, com as devidas alterações, aos bombeiros.
Vários manuais que lidam directamente com a vertente militar do stress estão disponíveis on-line, nomeadamente em "sites" americanos onde é possível encontrar alguns destes "field manual", destinados a vários escalões da hierarquia e que contêm informações particularmente úteis para as estruturas de comando.
A título de exemplo, deixamos aqui a ligação para o "Combat and Operational Stress Control", editado em língua inglesa pelo Exército Americano em Julho do ano passado e cuja leitura poderá ser interessante para quantos queiram fazer uma análise comparativa entre diversos tipos de stress e a forma como os seus efeitos podem ser minimizados.
Sabendo-se que a avaliação e o tratamento do stress devem ser da responsabilidade de especialistas, existe um conjunto de conhecimentos básicos que devem ser adquiridos por todos quantos tenham a seu cargo a responsabilidade de comando ou coordenação, sobretudo quando em missões de risco.
O tratamento do "stress" pós-traumático tem vindo a ser melhorado devido ao esforço desenvolvido na área militar, cabendo agora usar as bases adquiridas e adaptá-las a outras profissões onde o período de desgaste ultrapassa em duração o da maioria das guerras dos nossos tempos.
1 comentário:
Sugiro a leitura do seguinte artigo:
http://dr-hugo-jorge.blogspot.com/2007/11/o-que-o-burnout.html
Hugo Jorge
http://dr-hugo-jorge.blogspot.com/
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