Equipa do GIPS, com um Bell ao fundo
O objectivo do GIPS era o de realizar o ataque inicial aos incêndios, para além de outras missões na área do socorro para as quais pouca formação e meios foram disponibilizados, deixando a estes militares a ingrata tarefa de complementarem os bombeiros que sempre contestaram o envolvimento da GNR no combate aos fogos.
Estava previsto que os GIPS tivessem formação noutras áreas do socorro, incluindo mergulho, no qual apenas 24 elementos participaram, ameças de radioactividade ou resgate em zonas montanhosas, entre outras, as quais nunca se concretizaram, pelo que a esperada polivalência não se verifica.
Dois problemas são essenciais, sendo um os enormes recursos financeiros atribuidos aos GIPS e o outro o facto de os militares nele integrados, entre os melhores da Guarda, serem necessários para missões mais de acordo com os objectivos primordiais da GNR na área da segurança e da manutenção da ordem.
A alocação de meios financeiros, que poderiam ser atribuidos às Equipas Permanentes que o Ministério da Administração Interna (MAI) quer nos concelhos mais ameaçados pelos fogos, bem como a criação de uma Companhia Especial de Bombeiros, que também requer um orçamento importante, são factores que podem levar à reestruturação ou mesmo à extinção dos GIPS.
A decisão de extinguir os GIPS, pelo mesmo Governo que os criou, levantaria problemas políticos, agravados pelo facto de o MAI sempre ter elogiado o desempenho desta força e a cooperação entre esta e os bombeiros, mas poderá ser, por outro lado, uma forma de pacificar o sector e redistribuir os sempre escassos recursos da Protecção Civil.
Para representantes dos militares da Guarda, apesar do sucesso reportado, esta não é a vocação da GNR, exige um esforço adicional a um dispositivo que é manifestamente escasso para as necessidades e tem sido obtido à custa do sacrifício da segurança das populações, pelo que a opção de devolver os elementos dos GIPS a missões de policiamento será a mais adequada.
Para os bombeiros, nomeadamente para a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), a extinção do GIPS faz todo o sentido, já que sempre se opuseram à criação desta força cuja importância, com a profissionalização dos bombeiros, tenderá a diminuir.
Já num texto publicado há alguns meses nos debruçamos sobre o futuro do GIPS, sendo que a nossa opinião não mudou desde então, pelo que será de equacionar a substituição da actual estrutura por uma mais flexível e de carácter não permanente, mobilizável em situações onde o reforço dos meios de socorro seja necessário.
Continuamos, também, a manter que o treino dado aos militares dos GIPS deveria ser extendido e complementado, de modo a que a GNR pudesse desempenhar outro tipo de missões ou complementar as que tem vindo a desenvolver através da aquisição de novas valências.
Com isto não queremos dizer que o GIPS, independentemente do seu futuro, tenha sido uma experiência negativa, pois vieram conferir à GNR um conjunto de potencialidades que esperamos sejam exploradas e potenciadas no futuro, contribuindo para uma nova perspectiva do papel que as forças de segurança devem ter na sociedade de hoje e colocando um conjunto de militares, aos quais prestamos uma justa homenagem, ao serviço de uma causa e de uma luta particularmente difícil.
O destino dos GIPS será, no fim, o resultado de uma decisão política que, provavelmente terá como principal preocupação questões meramente económicas, pelo que entenderemos a extinção desta unidade, mas lamentaremos profundamente se as lições aprendidas e as valências adquiridas se perderem, algo que será um lamentável desperdício com o qual o País não pode compactuar.
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