Viatura do INEM durante um treino
O acidente ocorreu em Vila Nova da Rainha na altura em que um veículo pesado de mercadorias saia de umas instalações industriais, tendo sido abalroado pela ambulância, que não conseguiu evitar o embate dado que ambas as faixas de rodagem estavam ocupadas.
O bombeiro Pedro Salema, de 26 anos, ficou preso dentro da ambulância, tendo sido retirado sem vida, enquanto o segundo ocupante sofreu ferimentos ligeiros, sendo evacuado para o Hospital de Vila Franca de Xira.
Não dispomos de estatísticas comparativas com anos anteriores que permitam avaliar se o número de acidentes com meios de socorro estará a aumentar num período em que os acidentes de viação têm vindo a diminuir, mas as notícias de acidentes com ambulâncias parecem repetir-se, muitas vezes com resultados trágicos.
Independentemente do número de acidentes, o aumento das distâncias e do tempo de percurso que resulta do encerramento de numerosos serviços de atendimento, sobretudo no Interior do País, constitui um risco acrescido para quem desempenha missões de socorro, sendo quase inevitável que resulte em maior número de acidentes.
Nos cálculos, mais do que discutíveis, que determinaram os encerramentos ou a perda de valências de unidades de atendimento, para além da análise do número de utentes, dos custos ou de um conjunto de possibilidades alternativas, foi esquecida a vertente que diz respeito a quem, em última instância, terá que suprir as falhas do sistema, correndo riscos para encurtar distâncias e salvar vidas que de outra forma se perderiam.
Lamentavelmente, nas várias reivindicações e protestos de entidades que representam os bombeiros, muito se discutiu as compensações a pagar por quilómetro percorrido, mas pouco se avaliou quais as consequências para as tripulações dos meios de socorro em termos de segurança e do desgaste físico e psicológico a que são submetidas em resultado do aumento das distâncias a percorrer e do acréscimo de tempo que daí resulta, bem como do impacto que o prolongar do sofrimento das vítimas tem em quem efectua o socorro.
A falta de uma perspectiva global, capaz de entender as várias vertentes e os efeitos colaterais de uma decisão política, que deveria analisar cada possibilidade de uma forma abrangente, tem levado a sucessivos erros com efeitos desastrosos para as populações, facto amplamente noticiado, mas também para quem efectua missões de socorro, aspecto esse que raramente é referido pela comunicação social.
2 comentários:
Excelente artigo, é pena que os responsáveis pelo o socorro somente se preocupem com as receitas e nunca se preocupam com a parte humana.
Parabéns pelo artigo
Obrigado, Reinaldo.
Tem-se assistido a muitas situações que podiam ter sido minimizadas ou evitadas, muitas vezes devido a decisões em que não foram tido em conta factores fundamentais, como a segurança de quem efectua missões de socorro.
Um abraço
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