terça-feira, agosto 14, 2007

PJ investiga incêndios em Alpiarça


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Um incêndio florestal em 2006

O elevado número de ignições de incêndio registadas durante a passada segunda-feira no concelho de Alpiarça levantou suspeitas, pelo que o caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ).

Neste concelho verificaram-se seis a sete focos de incêndio em áreas tão diversas como vinhas, eucalipatal ou pinhal, no curto espaço de um par de quilómetros ao longo da estrada que liga Alpiarça a Fazendas de Almeirim, no concelho de Almeirim.

O número de ignições ocorridas num concelho de pequenas dimensões, como o de Alpiarça e o facto de terem sido detectadas pelas 03:00 vem dar força à tese de que se trata de fogo posto, dada a óbvia improbabilidade de puderem ocorrer por causas naturais.

Esta situação ocorre no mesmo dia em que a PJ deteve um ex-bombeiro, indiciado por causar 4 incêndios em datas posteriores à sua expulsão da corporação dos Bombeiros Voluntários de Tabuaços.

Os quatro incêndios de que o agora detido se encontra indiciado ocorreram entre 27 de Maio e 8 de Agosto, este último na véspera da sua detenção, nas localidades de Desejosa, Vale Figueira, Pinheiro e Granja, todas no concelho de Tabuaço.

Num ano com um baixo número de ignições, o problema do fogo posto, em conjunto com a elevada percentagem de ocorrências que se verificam em áreas protegidas, constituem, sem dúvida, motivo de reflexão e de preocupação.

Se no respeitante às ocorrências em áreas protegidas, que rondam os 50%, se pode encontrar justificação no facto de terem sido poupadas em anos anteriores, com excepções conhecidas, como os incêndios no Parque Nacional da Peneda Gerês, o elevado número de fogos provocados intencionalmente deve ser objecto de uma análise baseada nos dados revelados pelas autoridades competentes.

Havendo menor número de ocorrências, torna-se possível proceder a uma investigação mais cuidadosa de uma maior percentagem de fogos, pelo que as suas causas podem ser apuradas com maior rigor, dando assim uma imagem mais correcta de uma realidade que tem sido fruto de demasiadas especulações.

Durante anos, em caso de dúvida, as causas dos incêndios apontavam para fogo posto, muitas vezes incluindo acções deliberadas e negligentes, do que resulta uma manifesta impossibilidade de adoptar medidas preventivas dado que os responsáveis têm perfís completamente diferentes.

Também a moldura penal constante da legislação em vigor acaba por ser influenciada pela fraca precisão dos resultados das investigações, tal como sucede com o perfíl psicológico do incendário, feito a partir de um conjunto restrito de indivíduos cuja ingenuidade da maioria permite uma captura fácil.

Os dados recolhidos no respeitante a incêndios florestais têm-se verificado como pouco precisos, nalguns casos como manipulados, de modo a construir realidades convenientes ao poder político, que assim pode tomar decisões ou implementar medidas que raramente respondem às causas dos problemas estruturais que determinam o evoluir deste tipo de fenómeno.

Espera-se que este ano as investigações sejam feitas e concluidas atempadamente, dando assim origem a dados fidedignos, objectivos e úteis, capazes de caracterizar as causas reais dos incêndios e perspectivar as soluções mais adequadas para a solução deste problema.

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