quinta-feira, setembro 11, 2008

Mortos em acidente de ambulância - 2ª parte


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Duas ambulâncias dos bombeiros

O facto de haver três dos ocupantes, entre os quais as duas vítimas mortais, no exterior da ambulância indicía, embora careça da confirmação do inquérito, que estes não teriam o cinto de segurança colocado, algo que consideramos injustificável mesmo nos próprios veículos em missão de urgência, indesculpável, e mesmo criminalizável em todos os outros.

Também o aumento dos percursos, resultante da reestruturação da rede hospitalar, tem efeitos colaterais que não se resumem às urgências, dado que obrigam a percorrer maiores distâncias para levar os utentes a consultas, diminuindo assim a disponibilidade de ambulâncias de transporte que, para acorrerem a todos os serviços, tendem a aumentar a velocidade, com todos os riscos que tal implica.

Acresce a maior fadiga e desgaste psicológico das tripulações, obrigadas a circular maiores distâncias a velocidades mais elevadas de modo a cumprir horários apertados, cientes de que a falta a uma consulta pode resultar em semanas ou meses de espera para o utente.

Temos, finalmente, um parque depauperado e envelhecido, cuja manutenção nem sempre é efectuada adequadamente, fruto de uma actividade deficitária que resulta de um pagamento insuficiente por parte do ministério da Saúde, que insiste em pagar às corporações um valor abaixo do custo real dos transportes, pelo que manter o nível de segurança adequado, e exigível, começa a ser impossível.

Não basta analizar este incidente isoladamente, é necessário enquadrá-lo num conjunto de medidas que construiram um cenário perigoso, propenso a acidentes, onde as peças se movem num tabuleiro armadilhado, incapazes de antever o que pode suceder no próximo instante, mas consciêntes de que este pode ser o último.

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