Nesta última semana temos assistido à quase inexistência de incêndios florestais, como resultado de um arrefecimento da temperatura e da queda de chuva em quase todo o País.
Deste facto, sendo uma evidência conhecida há anos, resulta, naturalmente, a concentração da maior parte dos fogos nos meses de Verão, naquilo que nos habituamos a designar pela "época dos incêndios", e que, grosso modo, abarca os meses que vão de Junho a Setembro, com especial incidência no mês de Agosto.
No entanto, olhando para as estatísticas e para os dados meteorológicos recolhidos nos últimos anos, verifica-se que a "época dos fogos" tende a alongar-se, assumindo em vários anos contornos algo atípicos para os quais se pode encontrar explicações nas recentes alterações climáticas.
Na verdade, uma súbida da temperatura, que pode cifrar-se na ordem do 1 a 2 graus, e descida da humidade relativa, mesmo que marginal e dificilmente sentida por cada um de nós, pode influir dramaticamente na forma como um incêndio se propaga e na dificuldade em combatê-lo.
Este factor climático, que actualmente é contemplado na tabela de factores de risco utilizada pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), que assim determina o nível de alerta, terá que ser forçosamente incluido na equação que determina o exito ou fracasso no combate aos incêndios quando são elaboradas as estatísticas anuais e se tiram as devidas conclusões.
Actualmente, a área bruta continua a ser a medida segundo a qual o Governo e o próprio SNBPC avaliam o desempenho no combate, esquecendo que as alterações no clima acabam por ser decisivas nos números que apresentam, tornando a comparação de totais um exercício de uma inutilidade fútil.
Uma das opções em termos de cálculo de eficácia, seria a de atribuir um factor que reflectisse as condições meteorológicas, quer as favoráveis, quer as desfavoráveis, de modo a diferenciar os vários anos.
A uma situação de risco elevado, que normalmente dá origem a um "alerta laranja" seria atribuido um factor multiplicativo pelo somatório do número de dias, dado que o efeito de, por exemplo três dias seguidos nestas condições é mais grave do que o mesmo número de dias isolados.
Assim, ao primeiro dia corresponderia o peso de 1, ao segundo de 2 e sucessivamente, de modo a que, por exemplo, a uma sequência de 4 dias, seria considerado o valor 10, correspondente a 1+2+3+4.
De forma inversa, em dias considerados de baixo risco, como durante um "alerta azul" seria usado um sistema semelhante, mas como factor divisor, de modo a ter o impacto inverso.
Para dias de risco muito elevado ou muito baixo, os valores poderão ser incrementados, multiplicando por 2, por exemplo, de modo a traduzir a influência real das condições atmosféricas no número de ocorrências e na dificuldade no combate aos incêndios.
Portanto, um factor de correcção possível poderá incluir numa fórmula de cálculo uma fracção onde o numerador será o somatório dos períodos de risco elevado ou muito elevado e o denominador os de risco baixo ou muito baixo, de modo a que as condições meterorológicas sejam tomadas em devida conta.
Este factor será um dos vários a ser incluido na equação com que pretendemos fazer uma aproximação diferente aos resultados de cada campanha, de modo a substituir o actual sistema por algo mais realista, capaz de traduzir melhor a eficácia do combate enquanto evita mensagens políticas irrealistas ou conclusões precipitadas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário