terça-feira, setembro 12, 2006

Quase 60.000 hectares queimados até ao fim de Agosto


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Um PDA usado na inventariação de áreas ardidas

Até ao fim de Agosto, os 58.000 hectares que o fogo já destruiu este ano ficam muito aquém dos 194.000 que são a média dos últimos cinco anos e mais distante ainda da área perdida o ano passado, cerca de cinco vezes superior à de 2006.

Apesar das melhorias, as extensas áreas queimadas desde 2000, que andarão perto do 1.300.000 hectares, geram descontinuidades e criam barreiras de contenção naturais, evitando que os números atinjam os valores de anos anteriores.

Em contrapartida, propriedades do Estado e, especialmente, parques naturais, comparativamente poupadas nos últimos anos, têm sido mais atingidas, sendo disso exemplo a devastação que se verificou no Parque Nacional da Peneda Gerês, mas também na Serra de Aire e Candeeiros ou na Serra da Estrela, facto que motivou críticas por parte de autarcas, bombeiros e população.

Este facto é tanto mais grave quando se estima que os fogo em parques naturais correspondem a 20% do total ardido, atingindo no Gerês números da ordem dos 6.000 hectares.

Segundo o recém-divulgado relatório da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), pode-se ainda depreender que, apesar de alguns números records de ocorrências em Agosto, este ano não atinge valores excepcionais quando comparados com anos anteriores.

Este facto é confirmado pelo número de ocorrências da primeira semana de Agosto, onde chegou a ultrapassar as 500 diárias, mas que chega apenas às 18.770, contra as 21.243 que são a média entre 2000 e 2005.

Para o Governo, atavés do secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, tal deve-se a melhorias à estratégia de combate e à aposta na primeira intervenção, reduzindo assim o tempo de combate aos fogos.

Como argumento, o Governo utiliza o número de de fogachos, semelhante ao de anos anteriores, que não deram origem a grandes incêndios, atribuindo a responsabilidade às novas tácticas e aos meios disponibilizados para intervenção rápida.

Tal como mencionamos anteriormente, relativamente aos meios aéreos também os números apontam nesse sentido, com as horas de voo a cair para menos de metade.

Já por diversas vezes analisamos os factores que contribuem para esta redução, sendo manifesto que a maioria deriva da diminuição de áreas verdes contínuas, que contêm os incêndios, bem como da possibilidade de concentrar os cada vez mais numerosos meios na cada vez menor área que não ardeu.

A quantificação cega, com base no somatório de áreas ardidas, é, pois, enganadora, sugerindo uma muito maior eficácia que, na verdade, deriva de factores naturais cuja influência decisiva as entidades oficiais perferem omitir.

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