Inevitavelmente, a prazo, os veículos substituidos entrarão no mercado, por sua vez substituindo outros, mais antigos, mas para que toda a cadeia funcione, são precisos anos, até que, na altura em que vão ocupar o lugar daqueles que circulam em piores condições, eles próprios já se degradaram tão substancialmente que poucos melhoramentos trazem em termos de segurança, pelo que o impacto deste aumento de vendas na redução de acidentes será mínima.
Mesmo alegando que, não obstante a degradação sofrida, modelos mais recentes serão mais seguros, estes carecem de muito maior cuidado a nível de manutenção, do que depende o correcto funcionamento de toda uma série de dispositivos, sem os quais o anunciado aumento de segurança será uma completa incógnita, podendo resultar numa muito desagradável e fatal surpresa, traduzida, por exemplo, numa falha de "airbags" ou no funcionamento defeciente do ABS.
Também a periodicidade da renovação da carta de condução tende a ter muito pouco efeito em termos de segurança, sobretudo se observarmos que um grande número de acidentes imputáveis a idosos não resultam de falhas sensoriais, mas de desorientação ou falhas de discernimento, as quais não são, de forma alguma, examinadas ou controladas, tal como não o são comportamentos de risco dos mais jovens, considerados aptos para conduzir apenas porque dominam um conjunto básico de técnicas.
Portanto, ao invés de se dizer que em Portugal se conduz mal, o que pode ou não ser subjectivamente verdade, pode-se afirmar que se conduz perigosa e irresponsavelmente, insistindo na condução mesmo quando existe a consciência de que, por questões físicas ou mentais, não se está apto para o fazer, correndo o risco de provocar um acidente ou de, na sua iminência por responsabilidade de terceiros, ser incapaz de o evitar.
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