O apontar, de forma simplista, para a velocidade, que sobretudo potencia as consequências, ou mesmo para o consumo de álcool, indiscutivelmente responsável por muitos acidentes, mas que resulta de problemas não analizados, como as principais causas do aumento da sinistralidade é o refúgio de quem, tendo responsabilidades, efectivamente não exerce a sua função, tal como os condutores que justificam acidentes como simples falta de sorte ou resultados de um conjunto de factores que, pelas razões mais inverosímeis, conspiraram no sentido de um desfecho trágico.
Ao noticiar, de forma breve, embora insistente, o que se traduz em superficialidade e sensacionalismo, o aumento do número de vítimas graves, sem sequer se questionar qual a razão pela qual a Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária apenas contabiliza óbitos ocorridos no local do acidente ou no transporte para o hospital, omitindo os que morrem em consequência de ferimentos resultantes do acidente durante os 30 dias seguintes, tal como prescrito pelas normas europeias, a comunicação social apenas presta um serviço a sí própria, garantindo as audiências que apreciam este tipo de evento macabro.
Em quantidade, pouco escurtinadas, este tipo de notícia acaba por gerar mais indiferença, salvo quando envolve figuras públicas, do que servir de alerta, mesmo quando o número de vítimas é elevado, parecendo uma simples repetição, num cenário diferente, mas com o mesmo tipo de comentário, as mesmas observações e as recomendações que, objectivamente, de tão gastas, ninguém escuta.
Na sua maioria, o jornalismo feito em Portugal é de má qualidade, cinjindo-se a uma narrativa simplista, acrítica, falhando na análise, o que revela pouca experiência, falta de especialização e, infelizmente, alguma preguiça intelectual, afectando sobretudo áreas específicas, onde as audiências serão menos selectivas e mais propensas a emoções, satisfazendo-se com o mau serviço que lhes é oferecido diariamente.
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