No entanto, mesmo admitindo que parte do aumento pode resultar de uma nova atitude, que estabelece as causas da morte com maior rigor, evitando disfarçar a realidade, os números continuam preocupantes e, nesta conjuntura de crise, onde numerosas famílias perderam o sustento e os bens, assume contornos de tragédia social, espelhando o que de pior sucede na actualidade.
Independentemente do desfasamento das estatísticas face à realidade, e cremos que estas traduzem cada vez mais os números reais, um crescimento do número de suicídios faz todo o sentido durante um período particularmente depressivo, onde toda a conjuntura aponta no sentido da perda de esperança, não apenas devido à severidade da situação actual, mas também como resultado da destruição de reservas e falta de perspectiva de futuro.
A perda de emprego, de património, de referências, o endividamento e as crescentes dificuldades económicas, a destruturação de núcleos familiares e as consequência no amor próprio de quem sente vergonha pelo seu actual estado, com o passar do tempo torna-se insuportável, e, sem esperança numa mudança, impossível de perspectivar, o suicídio pode surgir como a única opção possível.
Não incluímos aqui um padrão diferente de suicídios, concretamente o de todos aqueles que, sentindo que se tornaram um encargo, optam por tal solução, dado que estes não o fazem por desespero, mas por um conceito muito próprio de honra que, por questões culturais e religiosas, tem uma maior incidência em zonas específicas, escapando completamente ao processo de decisão, mais emocional do que racional, que caracteriza a maior parte dos suicidas.
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