Aquilo a que alguns, de forma pomposa e extemporânea chamaram o "milagre português" surge, de forma cada vez mais nítida, como uma completa falácia, hoje completamente desmentido pelos dados estatísticos e pela análise factual, tornando-se óbvia a falta de direcção e liderança em todo o processo.
Sem iniciativa política, cedendo às pressões da opinião pública, foram sendo sucessivamente decretadas medidas restritivas ou de confinamento, reforçados meios do sistema de saúde, ou aplicadas algumas ténues medidas de salvaguarda económica, numa trajectória errática e reactiva, sem um rumo certo e um pulso firme.
E tal como foram implementadas restrições, estas foram levantadas, sem métricas ou critérios precisos, num calendário composto por etapas quinzenais que eram cumpridas sem que uma efectiva avaliação do passo anterior fosse concluída, algo que, seja pelos prazos estabelecidos, seja pela inexistência de uma avaliação objectiva e quantificável, era virtualmente impossível.
Mas se não foram implementados critérios e métricas, tal não se deve a uma impossibilidade de os estabelecer, mas na incapacidade de os implementar e fazer cumprir, o que fica bem patente para aceitação de todo o tipo de excepções, fruto da incapacidade de confrontar forças com influência social, ou, simplesmente, pelo receio de perda de popularidade, numa lamentável manifestação de fraqueza do Estado e na sua dificuldade em impor normas básicas que todos deviam seguir.
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