Poucas semanas após a chamada "libertação", que antecipou as eleições autárquicas, e que teve óbvios objectivos eleitorais, o regresso ao "estado de calamidade" veio confirmar que a gestão da pandemia continua errática, ao sabor de interesses políticos, ou mesmo pessoais, e sem uma estratégia defenida.
Sendo uma decisão da maior gravidade e com um impacto substancial não apenas a nível individual, mas que vai afectar de forma severa toda a sociedade, incluindo-se aqui o funcionamento dos vários sectores, desde o ensino à economia, não podemos deixar de sobre ela reflectir, num momento em que os indicadores da pandemia são francamente negativos, e com tendência a piorar, algo que a conjuntura facilmente permitia antecipar.
Com números de contágios e infecções que se aproximam dos do ano passado, mas com internamentos e óbitos a variar entre metade e um terço dos então verificados, algo que pode ser atribuído a vacinação, mas que terá muito a ver com o facto de, nos dias de hoje, a probabilidade de os residentes em Portugal já terem, de alguma forma, contactado com o vírus e terem desenvolvido algumas defesas, era óbvio que se impunham medidas de contenção, terminando com o conceito de libertação, abusivamente utilizado para fins eleitorais.
Este passo atrás era inevitável após uma descompressão mal faseada, com mensagens contraditórias, muitas vezes desfasadas da realidade, numa navegação à vista onde a incapacidade de antecipar foi notória, tornando-se ainda mais premente face à próximidade de eleições legislativas, sendo certo que uma evolução particularmente negativa da situação pandémica terá consequências eleitorais graves.
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