sexta-feira, agosto 29, 2025

Portugal é o país da União Europeia com maior percentagem de área ardida - 2ª parte

Será possível apontar para as alterações climáticas, mas estas, nos poucos anos que decorreram desde os anos de 2003, não serão tão significativas que resultem num impacto mesurável, pelo que os principais problemas terão que estar a nível do terreno, nas suas várias vertentes, mas, sobretudo, no tipo de vegetação, em grande parte resultante de um contínuo abandono das actividades rurais.

Apesar de se ter acentuado nos últimos anos, este abandono tem muitas décadas, podendo-se apontar para a primeira metade do século XX para o início de um agravamento contínuo e que teve épocas em que acelerou mais rapidamente, devido a diversos factores, e que nestas últimas décadas atingiu níveis de maior relevo, numa altura em que a estrutura demográfica no Interior impede qualquer perspectiva natural de repovoamento.

Um exemplo representativo é o da aldeia de família, na Beira Alta, que por volta de 1940 teria perto de 700 habitantes, que passaram a cerca de 500 na década de setenta e oitenta do século passado, tendo caído para menos de 150 na actualidade, continuando-se a verificar uma rápida redução da população, essencialmente constituido por idosos que, quando falecem, não são substituidos por habitantes mais novos.

Tanto ou mais grave do que a enorme queda do número de residentes, que nesta altura serão perto de um quinto do que foram há 80 anos atrás, é a estrutura demográfica, que, sem renovação, aponta para uma extinção virtual da população dentro de um par de décadas, com o número de sobreviventes a ser tão reduzido que dificilmente serão uma população viável.

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