sábado, outubro 18, 2014

Uma hora de chuva para inundar Lisboa - 2ª parte

Esta parece ser uma cidade abandonada pelas autoridades autárquicas, cada vez mais degradada, onde as condições de vida dos seus habitantes, sobretudo aqueles que residem em zonas mais sensíveis, são cada vez mais incompatíveis não apenas com os padrões de uma sociedade organizada, como com a carga fiscal, directa e indirecta, cujas receitas não são colocadas ao serviço das populações.

Não é difícil imaginar como reagem todos aqueles cujas habitações ou negócios são periodicamente danificados, resultando não apenas no prejuizo resultante da destruição de bens, mas também da paralesia na sua actividade, implicando perda de receitas, mantendo-se no entanto, em permanência, todas as obrigações fiscais e contributivas cuja utilidade certamente não entendem.

Quase certamente, apenas quando algo de semelhante ao que aconteceu recentemente na cidade costeira italiana de Génova, onde um homem perdeu a vida, arrastado pela força das águas, a revolta dos habitantes resultará em consequências, não apenas do ponto de vista prático, mas também a nível político e organizacional, substituindo um sistema que manifestamente não funciona mesmo quando o mau tempo dura um curto período de tempo, que terá durado perto de uma hora.

Para as autoridades, aparentemente a conjugação de maré alta e chuva forte constitui uma surpresa, uma daquelas coincidências que a própria Natureza devia impedir, e só por uma extrema crueldade permite que ocorra num local tão improvável como uma cidade costeira, mas desta vez, ao contrário do que sucedeu em Setembro, a maré nem estava alta.

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