terça-feira, janeiro 04, 2022

Portugal regressa ao "estado de calamidade" - 14ª parte

O principal problema que encontramos é na estratégia adequada, face a uma percepção inadequada da situação e aos condicionalismos que resultam dos trágicos, e mesmo criminosos, erros do passado, e da proximidade de um acto eleitoral, o que determina uma abordagem diferente da que houve no ano anterior, mais prudente, mas tão errática como anteriormente, sem ser baseada em dados concretos.

Ao tentar proteger de forma semelhante os mais e os menos vulneráveis, sem efectuar um conjunto de descriminações resultantes do impacto do virus nas várias camadas da população, continua-se a trilhar um caminho perigosamente desequilibrado, protegendo um por defeito e outros por excesso, enquanto se compromete de forma cada vez mais grave a actividade económica, num país que tem uma das mais baixas taxas de recuperação da Europa.

Continua a não existir uma linha de pensamento firme e coerente, com sólida fundamentação científica, e aqui entendemos que esta terá que abranger várias áreas, não apenas a nível da medicina ou epidemiologia, mas incluindo todas as que são necessárias para a condução durante um periodo de crise e a antecipação do futuro, evitando que este seja comprometido pela falta de racionalidade e equilibrio de muitas das medidas que têm sido adoptadas, grande parte destas sem resultados efectivos.

Janeiro será, sem dúvida, um mês complicado a vários níveis, para o sistema de saúde, que terá que enfrentar as consequências de uma nova vaga pandémica, mas também para as empresas, fortemente limitadas na última semana de um ano, essencial para muitos procedimentos, e a primeira de um novo ano, altura de balanços e contagens, e que começarão 2022 com duas semanas de atraso face a muitos concorrentes estrangeiros, e para todos quantos, no meio de indecisões e erros, vivem na incerteza enquanto sentem tempo e recursos a esgotarem-se sem a perspectiva de um amanhã melhor.

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