As inundações que atingiram o País na noite passada só podem ter surpreendido os mais incautos, ou aqueles que estão completamente desconectados da realidade, podendo-se incluir aqui todos os que, como o então presidente da Câmara, actual Primeiro-Ministro, responsabilizam S. Pedro, e a sua ininputabilidade, como justificação para o sucedido, enquanto o seu sucessor, actual ministro das Finanças, que prometeu resolver o problema em 3 anos, sem cumprir, ria, numa atitude que espelha bem o pensamento de muitos políticos da nossa praça.
As causas destas inundações são diversas e estão bem identificadas, indo desde a impermeabilização dos solos, em parte pela construção desregrada, até ao sub-dimensionamento das redes de escoamento, passando pela maior concentração temporal da chuva, com efeitos mais desastrosos do que quando a mesma quantidade de água cai durante um maior intervalo de tempo, mas o facto é que pouco ou nada foi feito para mitigar um problema que tem décadas.
Tendo em conta que Lisboa foi construída em zonas ligadas à água, e algumas, como Arroios ou Sete Rios, lembram bem essa presença, apenas soluções estruturais podem evitar um problema que se tem vindo a agravar ao permitir-se edificar sucessivamente em locais absolutamente essenciais para o escoamento ou absorção de águas, sendo óbvio que os mais de 1.500 quilómetros de colectores existentes não resolvem o problema.
O plano para construir novas condutas, que, depois de anos, tem um arranque previsto para Março do próximo ano, vai, sem dúvida, mitigar o problema, facilitando o escoamento das águas, mas tal não vai resolver erros com impacto estrutural, alguns tão óbvios, como o parque de estacionamento subterrâneo do Martim Moniz, que bloqueia o fluxo das águas provenientes do eixo da Almirante Reis, resultando em cheias que, naturalmente, podem ser visíveis nas áreas circundantes.
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