Se bem que, objectivamente, houve uma forma de cedência a um efeito psicológico, que num caso resultou de um incremento de actividades militares e no outro do seu termo a prazo, é inegável que a opinião pública percepcionou a mensagem resultante dos atentados, a qual, dependendo do tempo de resposta das autoridades, teve efeitos completamente díspares, sendo óbvio que, para além de algum grau de imprevisibilidade, o factor tempo é decisivo.
A impossibilidade do governo espanhol de então de, num clima particularmente emotivo, onde o discernimento era, naturalmente, toldado pelo choque, responder de forma afirmativa e lúcida, evitando erros e contradições e racionalizando o sucedido, transmitindo uma mensagem adequada às circunstâncias, algo que, para resultar, implica um conjunto de passos faseados, e portanto, de um período superior ao de que dispunha, foi determinante para os desastrosos resultados eleitorais, dando a vitória a um partido que, objectivamente, nunca foi capaz de prever o triunfo, nem mesmo perante as óbvias consequências de um atentado da maior gravidade.
Naturalmente que não podemos discutir, nem para nós existe qualquer dúvida quanto à culpabilidade de um atentado, nem mesmo quanto à sua responsabilidade, pelo que das acções e opções do governo espanhol, independentemente da sua política interna e externa, em nada se pode diminuir a monstrousidade do acto, sendo esta situação apenas apontada como exemplo da interdependência entre uma tragédia e um resultado eleitoral, mesmo quando não exista uma relação racional directa entre ambos.
Ao invés, em matéria de incêndios, existe uma responsabilidade, e mesmo, investigando-se, culpabilidade decorrente da acção política, pelo que, na infeliz ocorrência de uma tragédia semelhante à de anos como 2003, 2005 ou 2013, para citar alguns exemplos, terá, certamente, efeitos em matéria eleitoral, com reflexos directos no seu resultado, dada a proximidade com o termo da época de fogos.
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