Irracionalmente, ou maldosamente racional, à revelia de princípios básicos de solidariedade e de subsidariedade, decisores locais comprometem não penas as autaquias que gerem, de forma reprovável, mas também o restante território, com especial incidência nas zonas mais desertificadas, onde o desenvolvimento não pode sequer ser feito à custa deste modelo, tão insustentável, quanto egoísta, baseado em decisões que podem ser enquadradas pela legislação criminal.
A falta de planeamento, a nível local, regional e nacional, a ausência de uma estratégia para um desenvolvimento sustentado e inclusivo, capaz de abranger a totalidade do território nacional, descriminando positivamente zonas mais desfavorecidas, de modo a promover uma melhor qualidade de vida das populações, revela-se nestas situações, onde a falta de coordenação e diferenças de objectivos aos vários níveis se tornam evidentes.
Entre desejo de favorecimento de pequenas clientelas locais e a vontade de agradar a um eleitorado nacional, as contradições vão-se sucedendo, adiando-se decisões polémicas, enquanto o tom dos protestos e lamentações vai subindo de forma inconsequente, sem que efectivamente sejam encontradas soluções para os casos concretos e, menos ainda, no planeamento a nível superior.
Albufeira é apenas um pequeno exemplo, particularmente visível, mas de forma alguma único no panorama nacional, onde, por diferentes causas e com distintas consequências, a vida das populações são severamente afectadas ficando, no essencial, entregue a sí próprias, esquecidas imediatamente a seguir ao termo das notícias que vão mantendo vivo o que, para muitos, não passa de um incómodo.
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