sábado, setembro 16, 2017

Lisboa, cidade fechada - 34ª parte

Em período eleitoral, para além da pressa em finalizar obras em curso, uma maior presença de candidatos em zonas intervencionadas, algumas delas submetidas a alterações profundas, pode sugerir a possibilidade do início de um novo ciclo, com a eventual substituição de executivos nos vários níveis do poder autárquico.

De acordo com as competências atribuídas ou delegadas, assim um maior peso dos vários orgãos na vida dos residentes, afectados não apenas pelas decisões a nível local que os afectam directamente, mas também, e sobretudo, por opções com impacto estruturante, que condicionam e limitam a apertada teia em que os decisores mais próximos dos cidadãos se movimentam.

A evolução da cidade nos anos mais recentes, num aparente conluio entre poder central e autárquico, não obstante melhoramentos em áreas específicas, evolui no sentido errado, tal como o País, baseada num modelo de desenvolvimento errado e comprometedor do futuro, onde o imediatismo esmaga a sustentabilidade e destrói a esperança de gerações futuras se instalarem em Lisboa, cada vez mais um mero expositor para gáudio dos turistas que a visitam.

Quase desprovida de habitantes nas zonas mais centrais e típicas, expulsos para dar lugar a instalações ou estabelecimentos que destroem a essência da cidade em troca de um lucro rápido, o destino de Lisboa, caso o fluxo turístico diminua, será um rápido declínio, com o colapso das finanças autárquicas e a incapacidade de revitalizar atempadamente uma cidade cada vez mais desprovida de residentes e de um tecido produtivo que confira um mínimo de sustentabilidade.

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